Números constantes no mais recente relatório sobre o desempenho das economias dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), publicado na noite de segunda-feira, 09, pelo Banco de Portugal (BdP), indicam que Angola, cuja balança comercial é marcadamente dominada pelo sector petrolífero, continua a ser “consistentemente o maior mercado para as exportações” entre o conjunto desses países e Timor-Leste.
O relatório do banco central luso apresenta um panorama sobre a evolução e recuos das economias dos PALOP e de Timor, realçando que, ao longo dos últimos 30 anos, “as relações comerciais e de investimento entre Portugal e os PALOP e Timor-Leste mantiveram-se relativamente estáveis nestas três décadas”.
Stock de investimento
O relatório do BdP indica que os sectores da construção, actividades financeiras, consultoria e investigação científica foram os preferenciais do investimento português, sendo que os investimentos mais significativos foram implementados em Angola e Moçambique.
Na última década, o investimento português situou-se entre os 15 e 20% do total do investimento directo estrangeiro em países como Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
Cabo Verde e Guiné Bissau na “corda bamba”
A instituição chefiada por Mário Centeno, antigo ministro das Finanças do governo de António Costa, diz que a actual situação económica e financeira de Cabo Verde é tida como sensível às flutuações da conjuntura internacional, sendo a pandemia da Covid-19 e a guerra da Ucrânia apontadas como parte das razões que atormentam a economia daquele país insular.
Um pouco à semelhança de Cabo Verde, a Guiné-Bissau tem enfrentado desafios significativos, sobretudo para alcançar um crescimento económico sustentável e inclusivo. Com uma economia fortemente dependente da exportação de castanha de caju não processada, que representa 90% das suas vendas, o país está claramente exposto não só às flutuações, como também aos riscos de produção.
São Tomé: dependente da ajuda externa…
Moçambique é citado no relatório como tendo consolidado a recuperação económica em 2022, sobretudo, diz o documento, pela subida dos preços das matérias-primas exportadas e da recuperação dos sectores afectados pela pandemia da Covid-19, apesar dos fenómenos meteorológicos extremos que afectaram extensas zonas.
A ilha de São Tomé e Príncipe continua a ser o Estado dos PALOP que menos prospera desde 2017. A estrutura da sua economia é muito dependente da mobilização de recursos externos, com reflexo na capacidade para equilibrar as contas públicas. Com a excepção do ano 2020, quando beneficiou de um apoio internacional para combater a Covid-19, o crescimento real do outro país africano insular do Atlântico permanece numa trajectória descendente.
Timor: um caso de sucesso…
O BdP termina com o ‘raio X’ à situação económica a Díli, capital de Timor-Leste. Com uma população a rondar cerca de 1,4 milhões de habitantes, o país tem tido sucesso no seu objectivo da diversificação da economia, cujo crescimento do PIB não petrolífero acelerou para 4% em 2022.