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A cimeira dos BRICS e o fim da hegemonia Ocidental

23-10-2024 12:15

Bernardo Bunga

Editor de Economia & Oil

23-10-2024 12:15

Bernardo Bunga

Editor de Economia & Oil

A 16.ª cimeira da cúpula dos BRICS, organismo intergovernamental integrado pelos países dos mercados emergentes, que se reúne entre os dias 22 e 24 do corrente mês, em Kazan, Rússia, deverá juntar 23 chefes de Estado e de governos. O BRICS vem ganhando protagonismo como um bloco capaz de contrabalançar o domínio do G7 e nas instituições multilaterais tradicionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM)

Dados do FMI e do BM mostram que, em 2023, o grupo de países emergentes dos BRICS, que ainda era composto apenas por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, foi responsável por 34,9% do PIB mundial. Esses números espelham a importância crescente do bloco no cenário económico internacional.

Com a entrada em Janeiro de mais 4 integrantes (Irão, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Egito), a estimativa é que este percentual suba para 35,4% até ao final deste ano.

Em contraste, os dados de Bretton Woods indicam que o G7, grupo composto pela Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, teve uma participação no PIB Mundial de 30,1% no ano passado. Com uma projecção de queda de 0,5 ponto percentual (p.p), para 29,6% em 2024.

Esta crescente influência económica do BRICS tem forçado o G7 a repensar suas estratégias tanto política, quanto económica no contexto internacional.

Nesta 16.ª reunião da cúpula dos países de mercados emergentes, um dos principais temas a ser abordado é a continuidade da expansão do bloco, uma tendência iniciada no ano passado.

Em janeiro de 2024, quando a Rússia assumiu a presidência do BRICS, o grupo que era formado apenas pelas cinco grandes economias emergentes, após a decisão adoptada na 15.ª Cúpula realizada em Agosto de 2023, passou a ser formado por dez (10) países. Os novos membros plenos, Egipto, Etiópia, Irão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, juntaram-se ao bloco, dando o início ao BRICS+, estando ainda preparando a adesão de cerca de 30 países ao bloco, como são o caso da Tailândia, Malásia, Turquia e Azerbaijão, que solicitaram formalmente ou manifestaram interesse em participar, reforçando sua crescente relevância e autoridade nos assuntos internacionais.

A desdolarização tem sido um tema recorrente nos debates do bloco, que, pressupõe-se, será novamente enfatizada pelos membros do grupo, em especial pela China e a Rússia, que têm impulsionado iniciativas para diminuir a dependência do dólar em transacções internacionais. Com o surgimento de alternativas como o yuan digital e o CIPS, sigla em inglês que significa Cross-Border Interbank Payment System ou Sistema de Pagamento Interbancário Transfronteiriço, em português.

Trata-se de uma iniciativa da China para facilitar as transacções internacionais em sua moeda, o yuan ou renminbi, as discussões sobre uma moeda comum do BRICS ou a criação de mecanismos financeiros mais integrados devem ser outro assunto a ser abordado neste encontro.

Para contornar as políticas de empréstimo do FMI e do BM, os BRICS criaram, em 2015, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, em inglês), cujo objectivo é mobilizar recursos para projectos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável no BRICS e em outras economias de mercado emergentes e países em desenvolvimento.

Em uma entrevista à Xinhua, a agência de notícias estatal oficial do governo da República Popular da China, a presidente do NDB, Dilma Rousseff, realçou que “os países do BRICS perceberam que é muito importante que os países emergentes e em desenvolvimento tenham mecanismos e instrumentos adequados, portanto o NDB e o ocordo de reserva contingente foram estabelecidos”.

Com sede em Shanghai, o NDB aprovou cumulativamente empréstimos de US$ 35 bilhões para cerca de 100 projectos. Os principais projectos incluem o Projecto de Transporte Urbano Mumbai-III na Índia, o Projecto Eólico Serra da Palmeira no Brasil e o Projecto de Logística da Cadeia de Frio Urbana e Rural de Jiangxi na China.

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