Finanças & Wall Street

Inflação dos alimentos sufoca bolsos dos contribuintes

Clinton Manuel

23-12-2022 12:24

Clinton Manuel

23-12-2022 12:24

Os principais produtos da cesta básica, como é habitual nesta época do ano, subiram em média 15%, comparado com o mês de Novembro, calculou O Telegrama, com base num levantamento de preços efectuado nos mercados da capital. Para muitos, como é o caso de Vânia Domingos, “as coisas não devam subir, pelo contrário, devia-se ter promoção para que todas as famílias pudessem ter, minimamente, um Natal digno”

Como é habitual, o final do ano é marcado por algumas incongruências económicas, uma delas, e a mais frequente, é a subida dos preços dos produtos da cesta básica, obrigando os consumidores a reclamarem de irregularidades e de insuficiência do poder de compra.

A pesquisa feita pel’O Telegrama, nos mercados informais e nos supermercados de Luanda, incidiu sobre os preços do arroz, fuba de milho, feijão catarina, açúcar, massa, óleo vegetal e cartão de ovos.

Por exemplo, o saco de arroz da marca “Tio Lucas” (25kg), que no mês de Novembro custava 7.600 Kwanzas, hoje está a ser comercializado a 8.800 Kz. O preço da caixa de massa, que antes era vendido a 3.400 Kz, agora custa 4 mil kwanzas. Já o preço da fuba de milho (25kg) alterou exponencialmente de 6.600 para 8.000 kwanzas.

Trata-se de uma subida descontrolada, que vai em contramão com o discurso das autoridades que apontam acções no sentido de travar subidas indevidas de preços dos produtos.

Os consumidores lamentam a inflação nos produtos da cesta básica, que normalmente são os mais consumidos, sobretudo no período da quadra festiva, uma ocasião especial para muitos, como é o caso de Vânia Domingos, que apelou para que “as coisas não devam subir, pelo contrário, devia-se ter promoção para que todas as famílias pudessem ter, minimamente, um Natal digno”.

Sobre as preferências, entre o mercado formal e o informal, muitos consumidores disseram que preferem o formal em determinados casos, realçando a segurança que sentem em relação à conservação dos produtos, embora muitas vezes se sintam obrigados a adquirir outros bens nos mercados informais, tendo em conta os preços baixos praticados que vão de acordo com os bolsos dos contribuintes.

O fenómeno “sócia” como solução

Para contornar a subida do preço da cesta básica, muitas donas de casa lamentam ainda terem que recorrer ao processo de “sócia”, uma prática que consiste em adquirir um produto em face da incapacidade de comprá-lo, levando a que as pessoas juntem dinheiro para comprar determinado produto para depois repartirem conforme o número de pessoas. É já, no entanto, uma prática comum nos mercados informais de Luanda que passa por aliviar as tensões da inflação.

Celestina Malesso, nas vestes de consumidora, conta a´O Telegrama que, para conseguir comprar o bacalhau, teve que “associar” com outra pessoa, “porque um pacote que vinha quatro pedacinhos custava 1.500 Kz, e hoje está 2.500 Kz. Nós queríamos mais de quatro, então associamos”, finalizou.

Questionado sobre essa variação, Mateus Mapanda, encarregado de loja do Alimenta Angola, localizado em Viana, junto à bacia do Coelho, diz ser “perfeitamente normal, tendo em conta a demanda na procura de produtos que são comprados especialmente na quadra festiva, e em grandes quantidades, com destaque para o bacalhau, grão-de-bico, e outros produtos essenciais”, realçou.

Segundo consta na Folha de Informação Rápida Nº 11, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística, o nível geral do índice de preços no consumidor da província de Luanda “registou uma variação de 0,83% no último trimestre do ano”. Fazendo a comparação das variações mensais de períodos anteriores, “regista-se uma aceleração de 0,03 pontos percentuais, ao passo que, em termos homólogos, são registados uma desaceleração na variação actual de 1,30 pontos percentuais”. O mesmo relatório destaca que a classe referente à alimentação e bebidas não alcoólicas “foi a que mais contribuiu para o aumento do nível geral de preços em Luanda com 0,41 pontos percentuais, seguida da classe Bens e Serviços diversos com 0,11 pontos percentuais.”

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