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Colaborador próximo de Bento XVI revela tensões com o Papa Francisco

14-01-2023 12:42

DN/AFP

14-01-2023 12:42

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Georg Gänswein, colaborador do recém falecido Papa emérito, publica um livro onde faz revelações há muito aguardadas

O colaborador mais próximo de Bento XVI publica esta quinta-feira um livro que revela tensões entre o papa emérito, falecido há menos de duas semanas, e o seu sucessor, o Papa Francisco.

O livro, intitulado “Nient’altro che la verità. La mia vita al fianco di Benedetto XVI” (“Nada além da verdade. Minha vida com Bento XVI”), de Georg Gänswein, narra a ascensão ao trono de São Pedro de Joseph Ratzinger, o seu pontificado (2005-2013) abalado por escândalos e da sua reforma num mosteiro, após a sua renúncia surpreendente.

O Vaticano não reagiu oficialmente às críticas de Gänswein ao papa argentino – divulgadas na imprensa – mas o prelado alemão de 66 anos foi convocado para uma audiência à porta fechada com Francisco.

Gänswein disse que Francisco “partiu o coração” do seu antecessor ao reverter a sua decisão sobre o uso do latim nas missas.

Bento XVI, que morreu a 31 de dezembro aos 95 anos, era considerado um símbolo da ala mais conservadora da Igreja Católica, que vê Francisco como uma figura muito progressista.

“Afastado do mundo”

Gänswein foi secretário particular de Ratzinger desde 2003, antes mesmo da sua eleição como Papa, e como tal foi uma testemunha privilegiada do que aconteceu nos bastidores do seu pontificado.

No funeral do Papa emérito, foi ele quem recebeu os visitantes na capela funerária localizada na Basílica de São Pedro. E na despedida final, presidida por Francisco, beijou o caixão do seu mentor à frente de milhares de fiéis.

O prelado não economiza em questionar o atual líder da Igreja, que é o seu superior direto, expressando a perplexidade que Bento XVI sentiu a respeito de algumas decisões do seu sucessor.

Depois da sua renúncia em 2013, a primeira de um pontífice desde a Idade Média, Bento XVI prometeu viver “afastado do mundo”, mas interveio várias vezes em questões explosivas, como quando se pronunciou a favor da manutenção do celibato dos padres em 2020.

Gänswein afirma que depois desse episódio o Papa Francisco o privou das suas funções executivas como prefeito da Casa Pontifícia da Santa Sé, embora ele tenha mantido o cargo.

Francisco disse-lhe, segundo Gänswein: “A partir de hoje, fique em casa. Acompanhe Bento que precisa de você e aja como um escudo.”

Quando contou a Bento XVI o que havia acontecido, ele respondeu: “Aparentemente, o papa Francisco não confia mais em mim e fez de você o meu vigia”.

A sua estreita relação com Bento XVI gerou inveja, afirma nas suas memórias. Já os seus laços com Francisco sempre foram frios, e é improvável que a publicação do livro polémico os melhore.

Segundo observadores do Vaticano, o pontífice argentino poderia nomear Gänswein como embaixador, para afastá-lo da Santa Sé e das suas intrigas.

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