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Russo recebe Nobel da Paz e condena a “guerra insensata e criminosa” de Putin

10-12-2022 7:42

JN/Agências

10-12-2022 7:42

JN/Agências

O presidente da organização Memorial, vencedora do Nobel da Paz, condenou, este sábado, a "guerra insensata e criminosa" do presidente Vladimir Putin, na Ucrânia, ao receber o prestigioso prémio em Oslo, também concedido a um ativista bielorrusso e uma organização ucraniana

Sob a presidência de Putin, “resistir à Rússia equivale ao fascismo”, uma distorção que fornece “uma justificação ideológica para a insensata e criminosa guerra de agressão contra a Ucrânia”, afirmou Yan Rachinsky no seu discurso de aceitação do Prémio Nobel da Paz em Oslo, na Noruega.

Fundada em 1989, a Memorial trabalhou durante décadas para lançar luz sobre os crimes cometidos sob o regime totalitário de Estaline e preservar a memória das suas vítimas, para depois recolher informações sobre a violação das liberdades e direitos na Rússia.

A diretora da ONG ucraniana Centro para as Liberdades Civis (CLC), também vencedora do prémio, afirmou, ao receber o Nobel, que a paz na Ucrânia não pode ser alcançada “depondo as armas” frente à Rússia.

“O povo da Ucrânia quer a paz mais do que ninguém no mundo”, declarou Oleksandra Matviichuk, durante a cerimónia. “Mas a paz para um país atacado não se consegue depondo as armas. Isso não seria paz, mas ocupação”, acrescentou.

Memorial chairman Yan Rachinsky on behalf of 2022 Nobel Peace Prize winner Russian human rights organisation Memorial delivers a speech during the 2022 Nobel Peace Prize award ceremony at the City Hall in Oslo, Norway, on December 10, 2022. (Photo by Rodrigo Freitas / NTB / AFP) / Norway OUT

Criado em 2007, o CLC documenta agora os crimes de guerra cometidos pelas tropas russas na Ucrânia: a destruição de edifícios residenciais, igrejas, escolas e hospitais, o bombardeamento de corredores de evacuação, a deslocação forçada da população, a tortura e os crimes.

Como resultado do bombardeamento das infraestruturas energéticas da Ucrânia, Oleksandra Matviichuk viu-se obrigada a escrever o seu discurso de aceitação do Nobel à luz de velas, contou à agência France-Presse (AFP) numa entrevista imediatamente antes da cerimónia.

Em nove meses de invasão russa, o CLC contou “mais de 27 mil episódios” de crimes de guerra, relatou Matviichuk, acrescentando que isso é “apenas a ponta do icebergue”.

“A guerra transforma as pessoas em números. Precisamos de nomear todas as vítimas de crimes de guerra”, defendeu a Prémio Nobel.

No seu discurso, a ativista aproveitou ainda para apelar à criação de um tribunal internacional que julgue o presidente russo, os seus aliados e “outros criminosos de guerra”.

O terceiro laureado com o Prémio Nobel da Paz, o bielorrusso Ales Beliatski, fundador da ONG de defesa de direitos humanos Viasna, está preso desde julho de 2021.

Enquanto aguarda julgamento, na sequência do qual pode ser condenado a uma pena de 12 anos de prisão por “contrabando” de dinheiro para a oposição ao regime repressivo de Lukashenko, o ativista de 60 anos não foi autorizado a fazer um discurso de aceitação do Nobel.

Representando-o na cerimónia, a sua esposa Natalia Pintchouk teve de contentar as lágrimas ao repetir algumas das palavras do ativista, incluindo aquelas em que ele apelou para o mundo erguer-se contra a “internacional das ditaduras”.

Na Ucrânia, a Rússia pretende estabelecer “uma ditadura vassala, a mesma que a atual Bielorrússia, onde a voz do povo oprimido é ignorada, com bases militares russas, enorme dependência económica, russificação cultural e linguística”, disse ele, pela voz da esposa. “A bondade e a verdade devem ser capazes de se proteger”, acrescentou.

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