O crédito concedido pela banca comercial em Angola continua a ser um luxo reservado a um pequeno grupo de indivíduos letrados e bem relacionados, capazes de apresentar garantias reais, estudos de viabilidade e, por vezes, de pagar pequenas comissões a quem, dentro do banco, agiliza o processo.
Para os mais pobres, o acesso ao crédito é marcado por burocracia excessiva, morosidade e custos elevados, tornando-o praticamente inacessível.
Neste contexto, a Kixikila surge como uma alternativa criada pela própria sociedade, sobretudo entre os grupos de baixa renda, para contornar os entraves do sistema financeiro formal. Trata-se de uma relação de crédito informal, baseada essencialmente na confiança entre pessoas próximas, como familiares, amigos ou vizinhos, e que, geralmente, não movimenta grandes somas de dinheiro.
A Kixikila é frequentemente utilizada para despesas do quotidiano, como a aquisição de electrodomésticos, o pagamento do aluguer da casa ou como fundo de emergência, em situações como doenças graves, óbitos e outros imprevistos.
O seu valor reside na utilidade prática para as famílias de baixos rendimentos, permitindo-lhes aceder a bens e serviços que, de outro modo, os seus rendimentos não permitiriam.
Além disso, para muitos que não têm o hábito de poupar, a Kixikila funciona como uma poupança forçada, que, futuramente, pode aumentar a sua capacidade de consumo e até viabilizar pequenos investimentos — possibilitando despesas outrora impensáveis.