Em decisão unânime tomada nesta quarta-feira, o Comité de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro elevou a taxa Selic para 14,75%. Todos os directores, incluindo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, votaram a favor do aperto monetário, que visa ancorar as expectativas inflacionistas diante de um cenário interno pressionado e de uma conjuntura internacional marcada pela volatilidade.
A decisão do Copom veio acompanhada de um comunicado que explicita a complexidade do momento macroeconómico, enfatizando que “o contexto de alta incerteza e o estágio avançado do ciclo de ajuste exigem cautela e flexibilidade adicionais para incorporar novos dados que afectam a dinâmica inflacionista”.
O comité destacou, ainda, que os principais vectores que motivaram a decisão foram a alta dos preços de alimentos e energia, além da instabilidade nos mercados internacionais.
Desde Setembro do ano passado, o Banco Central tem promovido uma série de elevações graduais da Selic, iniciando com um ajuste de 0,25 ponto percentual (p.p.), seguido por aumentos sucessivos, incluindo três incrementos de 1 p.p.
Em Abril, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), prévia da inflação oficial avançou 0,43%, puxado sobretudo pelo aumento nos preços dos alimentos. No acumulado de 12 meses, a inflação chegou a 5,49%, ultrapassando o tecto da meta contínua em vigor desde Janeiro deste ano. A nova estrutura de metas do Banco Central estabelece um objectivo central de 3%, com margem de tolerância de 1,5 p.p. para mais ou para menos, ou seja, entre 1,5% e 4,5%.
Apesar dos esforços da autoridade monetária, as projecções ainda se mostram desafiadoras. No seu último relatório trimestral de inflação, divulgado em Março, o Banco Central elevou a estimativa para o IPCA de 2025 para 5,1%, perante as projecções anteriores mais optimistas.
“As expectativas de inflação para 2025 e 2026, apuradas pela pesquisa Focus, permanecem em valores acima da meta, situando-se em 5,5% e 4,5%, respectivamente. A projecção de inflação do Copom para o ano de 2026, actual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,6% no cenário de referência”, lê-se no comunicado de imprensa do Copom.