O impacto da paralisação dos transportes colectivos pode ser mensurado não apenas nos episódios de vandalização contra vários estabelecimentos comerciais e a morte de, pelo menos, três pessoas, mas também com a decisão preventiva dos órgãos de gestão de crise das entidades bancárias em decretar o encerramento das suas dependências nos pontos críticos da capital até à normalização da situação.
Convocada pela Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA), como forma de protesto contra a sucessiva escalada dos preços dos combustíveis, com especial destaque para o mais recente aumento do gasóleo, os comités de crise das instituições financeiras decretaram, preventivamente, o encerramento de algumas das suas dependências.
Os pontos críticos são os municípios de Viana, Kilamba Kiaxi, Camama, Zango, Cazenga e Samba. Neste momento, e até às 22h desta segunda-feira, decorrem reuniões das comissões executivos e comités de crise, que avaliam o impacto das manifestações na actividade e segurança dos seus colaboradores. Internamente, apurou O Telegrama junto de várias instituições bancárias, já foi emitida a decisão de suspensão dos serviços presenciais em várias agências, medida que deverá ser actualizada de acordo com a evolução dos episódios do dia de amanhã e quarta-feira, caso a situação de manifestações prevaleça.
Confrontos entre policias e manifestantes
A paralisação dos táxis teve impacto considerável na mobilidade urbana, afectando milhares de cidadãos que dependem diariamente deste meio de transporte. Em vários eixos rodoviários na capital do país, foram registadas barricadas, interrupção do tráfego, além de confrontos pontuais entre “manifestantes” e forças da ordem pública.
Os efeitos da greve também se fizeram sentir no tecido económico local. Diversos estabelecimentos comerciais, incluindo supermercados, e não só, foram alvo de saque. Até ao momento, não há dados oficiais que permitam contabilizar com precisão o número de estabelecimentos afectados, nem o montante global dos prejuízos económicos resultantes dos saques.
De realçar que a presente fase de ajustamento, que coloca o preço do gasóleo em AOA 400/litro, deu continuidade ao processo iniciado a 2 de Junho de 2023, data em que o preço da gasolina sofreu um incremento substancial, passando de AOA 160 para AOA 300 por litro, numa variação de 87,5%.
A retirada gradual dos subsídios foi novamente intensificada em Abril de 2024, com a actualização do preço do gasóleo de AOA 135 para AOA 200, representando uma subida de cerca de 48%. Já em Março de 2025, o mesmo produto registou novo agravamento, ao atingir os AOA 300/litro, o que equivale a uma escalada de 50% face ao preço anterior.