De acordo com a nota da BFA Gestão de Activos, responsável pela gestão deste fundo de capital de risco, trata-se de “uma transacção de notas conversíveis, a primeira do género, baseia-se numa tese de dados convincente, impulsionada pela missão de defender os corações negligenciados da economia angolana”.
A FoodCare processa habilmente 25 alimentos tradicionais, desde a Muteta, Kizaca ao catatu, operando, actualmente, com uma capacidade de 84 toneladas por mês. No entanto, no mercado internacional, os pedidos mensais chegam a 700 toneladas — uma diferença entre a oferta e a procura superior a 800%. Além disso, com 95% dos seus produtos exportados para a Europa, América do Norte e África do Sul, “a FoodCare é um activo com um modelo de negócio comprovado e gerador de divisas com fluxo de caixa positivo”, lê-se no comunicado de imprensa.
Citado no comunicado, o PCE da BFA Gestão de Activos afirmou que “não se trata apenas de um investimento, mas, sim, de uma correcção de uma falha do mercado”.
“Vemos um negócio com um valor intrínseco imenso, preso entre as suas capacidades comprovadas e o seu potencial inexplorado. Os dados são claros: a procura é real, a economia unitária é sólida e a trajectória de crescimento é inegável”, disse Rui Oliveira, acrescentando que, “por detrás destes números estão os rostos dos agricultores locais, o orgulho de uma nação e a determinação silenciosa de uma equipa que construiu algo belo contra todas as adversidades. É por isso que defendemos o capital inteligente e paciente — é a ponte que liga os dados frios e concretos ao progresso humano. Permitindo que jóias escondidas como a FoodCare cresçam e capturem formalmente a imensa oportunidade de arbitragem de valor que a sua procura internacional apresenta”.
A estratégia do Kimbo Fund é procurar negócios subvalorizados e intensivos em activos, como a FoodCare — aqueles com alta fidelidade dos clientes e dinâmicas favoráveis do sector que, muitas vezes, são abandonados pelo financiamento tradicional. A abordagem do fundo vai além do capital, equipando os parceiros com o conhecimento técnico e estratégico para acelerar o seu crescimento.
”Durante anos, tivemos de recusar encomendas que sabíamos que poderíamos satisfazer, se tivéssemos o parceiro ideal», disse a empresária Marlene José, fundadora da FoodCare.
E acrescentou: “Ver os nossos produtos nas prateleiras globais foi um sonho realizado, mas não conseguir satisfazer a procura foi uma grande desilusão. O Fundo Kimbo não viu apenas um balanço financeiro; viu a nossa luta e a nossa ambição naqueles números. Esta parceria significa que podemos, finalmente, dizer «sim» ao mundo. Significa que o sabor de Angola chegará a mais lares e que as comunidades de onde nos abastecemos prosperarão. Este é o momento pelo qual temos trabalhado”.
A FoodCare foi uma das startups graduadas pelo programa global de aceleração da Founder Institute, em Angola, liderada pela Hayme Coogle, o qual desempenhou um papel preponderante no seu desenvolvimento, proporcionando mentoria especializada, estruturação de negócio e acesso a redes internacionais de investidores e especialistas. Durante o programa, a empresa consolidou a sua proposta de valor e o seu modelo de impacto, factores que foram decisivos para atrair o investimento do Fundo Kimbo.