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Último encontro do BRICS sob presidência brasileira reúne sociedade civil no Rio

Bernardo Bunga

2 Dezembro, 2025 - 16:01

Bernardo Bunga

2 Dezembro, 2025 - 16:01

A primeira Cúpula Popular do BRICS teve início nesta segunda-feira (1), no Rio de Janeiro, e irá até à próxima quinta-feira (4), onde representantes de 21 países debatem a participação dos movimentos sociais e da sociedade civil nos processos decisórios da governança mundial. O encontro surge como um espaço de convergência de vozes sociais, académicas e movimentos populares, com o propósito de reforçar o papel da sociedade civil na definição de propostas destinadas a aprofundar a cooperação com o Sul Global

‎‎O primeiro dia abriu espaço para uma ampla agenda de debates envolvendo movimentos sociais e organizações da sociedade civil dos países que integram o bloco. O encontro, concebido para fortalecer a participação popular na formulação de propostas estratégicas, centra-se em temas que vêm ganhando relevância no actual contexto internacional.

‎Entre as questões principais está a promoção de uma cooperação económica mais equilibrada entre as nações emergentes, com o foco no reforço do multilateralismo como resposta à crescente complexidade das relações internacionais. A construção de uma ordem multipolar vista pelos participantes como alternativa ao predomínio das grandes potências tradicionais.

‎Outro tema central é o papel do próprio BRICS como plataforma de articulação entre economias emergentes. O tema enfatiza o potencial do bloco para desenvolver mecanismos que reforcem a autonomia financeira dos seus membros, sobretudo no que diz respeito à redução da dependência do dólar americano tanto nas transações internacionais quanto na constituição de reservas cambiais.

‎Criado em 2014, durante a Cúpula de Kazan, na Rússia, o Conselho Civil dos BRICS nasceu com a missão de estabelecer um espaço permanente de interlocução entre a sociedade civil e os governos que compõem o bloco.

‎Os organizadores do encontro salientaram que os países que compõem o BRICS figuram, hoje, entre os principais líderes mundiais na produção de grãos, carne, fertilizantes e fibras, concentrando cerca de 70% de toda a produção agrícola global. O bloco também responde por mais da metade da agricultura familiar existente no mundo, responsável por, aproximadamente, 80% do valor da produção global de alimentos.

Dilma Rousseff realça ‎”permanente de diálogo”‎

De acordo com os responsáveis, essa centralidade do BRICS na dinâmica alimentar internacional impõe ao grupo uma responsabilidade adicional na formulação de caminhos para sistemas alimentares mais sustentáveis, inclusivos e equitativos. Nesse sentido, afirmam que o Conselho Civil dos BRICS pretende colocar a agenda agrícola, especialmente a valorização da agricultura familiar, a segurança alimentar e a sustentabilidade no centro das discussões estratégicas do bloco.

‎Segundo a organização, o conselho constitui “uma estrutura para consolidar a participação da sociedade civil organizada nas discussões do bloco” e visa dar voz aos movimentos populares, estudantes, professores e ONGs sobre as questões estratégicas do grupo.‎

‎A realização da actual cúpula marca, ainda, um momento simbólico para o bloco. Trata-se do último grande encontro sob a presidência brasileira, que será transferida para a Índia no próximo ano.

‎Em uma mensagem em vídeo para a abertura, a ex-presidente brasileira e actual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, Dilma Rousseff, afirmou que a primeira edição da cúpula consagra a participação da sociedade civil organizada na construção da cooperação no Sul Global.

‎”Pela primeira vez, os povos dos países do BRICS têm um canal permanente de diálogo com os governos e órgãos decisórios do grupo”, realçou Rousseff.

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