“Estamos aqui com o perfume da gratidão e o unguento da esperança para lhe provar, uma vez mais, o amor que não se perde; queremos fazê-lo com a mesma unção, sabedoria, delicadeza e dedicação que ele soube dispensar ao longo dos anos”, disse esta quinta-feira o Papa Francisco na homilia durante o funeral do Papa emérito. “Bento (…), que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre a Sua [do Senhor] voz!”, concluiu.
O alemão Joseph Ratzinger, que adotou o nome Bento XVI quando em abril de 2005 foi escolhido para liderar a Igreja Católica, morreu no último dia de 2022, com 95 anos, quase uma década depois de ter abdicado do cargo (foi o primeiro a fazê-lo em 600 anos). Foi sepultado esta quinta-feira, depois de quase 200 mil pessoas lhe terem prestado uma última homenagem enquanto o corpo esteve em câmara ardente, no túmulo que foi de João Paulo II até ao início do processo de beatificação, em 2011 (ficou concluído em 2014).

Na Praça de São Pedro, cerca de 50 mil pessoas, entre as quais líderes políticos como o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, seguiram a cerimónia, com alguns dos fiéis a pedir que também Bento XVI seja declarado santo como o antecessor. “Santo subito”, dizia uma das faixas e ouviu-se gritar em italiano no final da cerimónia, tal como no funeral de João Paulo II, em 2005.

O pedido foi contudo menos efusivo do que na altura. Três dos últimos cinco papas são santos. Bento XVI não foi uma figura consensual na Igreja, devido à sua postura conservadora, tendo o seu pontificado ficado marcado por vários escândalos de corrupção e abusos sexuais na Igreja.
Francisco, que passou a maior parte da cerimónia sentado, com problemas num dos joelhos que o têm afetado há vários meses, levantou-se e tocou no caixão, inclinando a cabeça numa última oração e adeus antes do caixão entrar na Basílica de São Pedro.

O Papa tem 86 anos, um ano mais do que tinha Bento XVI quando abdicou em 2013, e desloca-se em cadeira de rodas, mas não parece querer parar. De 31 de janeiro a 5 de fevereiro tem prevista uma viagem à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul, e no verão a Portugal, para a Jornada Mundial da Juventude.
