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Guterres confronta Lavrov e pede respeito pela soberania e integridade territorial da Ucrânia

24-04-2023 5:57

Diário de Notícias

Agência Lusa

24-04-2023 5:57

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Agência Lusa

O secretário-geral da ONU criticou duramente a invasão da Ucrânia durante uma reunião Conselho de Segurança, presidida pelo ministro russo. União Europeia acusa Rússia de "cinismo" por se apresentar como defensora da Carta da ONU

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu esta segunda-feira respeito pela soberania e integridade territorial e criticou duramente a invasão da Ucrânia pela Rússia, numa reunião do Conselho de Segurança presidida pelo ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov.

Na reunião convocada pela Rússia para debater o “multilateralismo efetivo”, Guterres sentou-se ao lado de Lavrov e criticou abertamente a invasão da Ucrânia por Moscovo, classificando-a de “violação da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) e do direito internacional”, que está a causar enorme sofrimento e devastação ao país e ao seu povo, além de abalar fortemente a economia mundial.

O ex-primeiro-ministro português reforçou que a cooperação multilateral é o “coração pulsante das Nações Unidas”, assim como a “sua razão de ser e a sua visão orientadora”.

Guterres acrescentou ainda que o mundo enfrenta tensões históricas elevadas entre as grandes potências.

Em resposta, Lavrov culpou os Estados Unidos e os seus aliados da situação na Ucrânia. “A ONU está a passar por uma crise profunda. Os EUA substituíram o direito internacional por uma certa ordem baseada em determinadas regras, numa política que visa destruir a arquitetura da ONU.”

Lavrov acusou o Fundo Monetário Internacional (FMI) de se “transformar” num órgão que trabalha para “alcançar os objetivos dos Estados Unidos e dos seus aliados, incluindo objetivos de natureza militar”. O governante russo assumiu ainda que o caminho dos Estados Unidos é “destruir a globalização, que por muitos anos elevou como o maior benefício de toda a humanidade”, acrescentando ainda que os americanos foram hipócritas ao aplicar os seus padrões em diferentes situações em todo o mundo.

UE acusa Rússia de cinismo por convocar reunião sobre multilateralismo na ONU

A União Europeia acusou entretanto a Rússia de cinismo por convocar uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o multilateralismo, considerando que Moscovo violou a Carta da organização com a invasão da Ucrânia.

“Ao organizar este debate, a Rússia está a tentar apresentar-se como defensora da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) e do multilateralismo. Nada pode estar mais longe da verdade. É cínico. Todos nós sabemos que enquanto a Rússia está a destruir, nós estamos a construir. Enquanto eles violam, nós protegemos”, disseram os 27 Estados-Membros da UE em comunicado.

O Conselho de Segurança reuniu-se para um debate aberto de nível ministerial sobre “Multilateralismo efetivo através da defesa dos princípios da Carta da ONU”, convocado pela Rússia e presidido pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.

De acordo com a UE, se a Rússia se preocupa realmente com o multilateralismo efetivo, a primeira maneira de provar isso seria “retirar imediata, completa e incondicionalmente todas as suas forças militares do território da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas”.

“A comunidade internacional deve permanecer firmemente empenhada em garantir a responsabilização pelos crimes cometidos na Ucrânia e contra ela”, diz o comunicado.

“Queremos enfatizar que todos os esforços de apoio à Ucrânia vieram em adição, e não em substituição, dos nossos compromissos globais. Manter a ordem baseada em regras, um termo que a Rússia deliberadamente interpreta erradamente, significa respeitar o direito internacional e a Carta da ONU e garantir que essas regras se apliquem a todos”, acrescenta a nota.

Os 27 Estados-membros da União Europeia asseguraram ainda que serão “implacáveis” no compromisso de defender o direito internacional e de trabalhar como uma força para a paz inclusiva, o desenvolvimento sustentável e a promoção e proteção dos direitos humanos.

A Rússia, um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e com poder de veto, assumiu este mês a presidência rotativa do órgão, que tem capacidade de fazer aprovar resoluções com caráter vinculativo.

Lavrov viajou para Nova Iorque no âmbito da presidência russa do Conselho de Segurança e presidirá a dois debates, sobre o multilateralismo e o Médio Oriente.

O chefe da diplomacia russa aproveitará ainda a oportunidade para discutir diretamente com o secretário-geral da ONU, António Guterres, a continuidade do acordo dos cereais do Mar Negro e o descontentamento de Moscovo com a falta de cumprimento de certos aspetos da iniciativa.

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