Finanças & Wall Street

BIOCOM anuncia produção recorde de açúcar e etanol em tempo de “vacas magras”

28-04-2023 9:44

Clinton Manuel

Jornalista

28-04-2023 9:44

Clinton Manuel

Jornalista

Com a concretização do seu plano de crescimento global em cada um dos seguimentos de produção, a Companhia de Bioenergia de Angola (BIOCOM) prevê produzir 120 mil toneladas de açúcar, 19 milhões de litros de etanol e 57 mil megawates de energia limpa e renovável. Diversificação da economia e aposta na agricultura como forma de gerar emprego são as frases mais ouvidas em tempo de “crise”

Com a capacidade para produzir 2,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, numa área de 40 mil hectares, 250 mil toneladas de açúcar cristal branco, 37 mil metros cúbicos de álcool neutro e fornecer ao país um adicional de 136 mil megawatts de energia eléctrica limpa, a BIOCOM prepara-se para produzir 120 mil toneladas de açúcar durante o presente ano agrícola.

A informação foi prestada pelo director geral da companhia, Uirá Ribeiro, na cerimónia de lançamento oficial da safra referente ao ano de 2023, que se realizou no município de Cacuso, em Malanje.

Entretanto, segundo o director geral da companhia, as previsões da BIOCOM vão para além do sector agrícola. Da sua capacidade de produção de 136 mil megawatts da chamada energia limpa ou renovável, para este ano, está em carteira o fornecimento adicional ao país de 57 mil megawatts.

Os 10 anos de uma marca de produção nacional

Uirá Ribeiro, director geral da BIOCOM. ©Clinton Manuel/O TELEGRAMA

Detentora da marca Kapanda, esta empresa de capitais públicos e privados é uma unidade fabril estratégica para a produção nacional, sendo a única empresa nacional especializada na produção de açúcar, etanol e energia proveniente de biomassa.

Prevê, ainda para este ano, um crescimento na ordem dos 10% de cada um dos segmentos da sua produção em relação ao ano anterior, a fim de torná-los favoritos junto dos consumidores angolanos. A Biocom já produz 40% de todo o açúcar nacional, reafirmou a entidade.

A abertura da safra 2023 aconteceu em simultâneo com a celebração dos 10 anos de produção da empresa e a reposição da conceituada marca de Kapanda.

Actualmente, a empresa emprega mais de 3400 colaboradores, maioritariamente oriundos da Província de Malanje. Uirá Ribeiro considera estes números relevantes, principalmente numa conjuntura marcada pela crise económica internacional e pela invasão Russa à Ucrânia, que afectou, substancialmente, os preços das matérias-primas, a variação cambial e os prazos de entrega.

Ao incentivar a produção agrícola, o responsável garante que o país se pode beneficiar de um sector que é menos susceptível a choques externos e mais capaz de gerar empregos para a população, o que permitiria reduzir os impactos da exportação e passe de imediato a importar. A safra, em diversos países, é o principal pulmão da economia e insere-se nos programas de combate à pobreza.

O “cérebro” para criação de emprego

Ministra das Finanças discursando num encontro dedicado a alta liderança e quadros do Ministério e organismos tutelados. ©MinFin

O Governo Angolano tem tomado medidas para incentivar a agricultura, destacando-se a implementação de políticas de crédito agrícola, a construção de infraestrutura rural e a implementação de tecnologias agrícolas modernas.

Como resultado, a produção agrícola no país tem crescido exponencialmente nos últimos anos, com ênfase para o café, milho, feijão, batata e mandioca. Além disso, a produção agrícola pode ser uma importante fonte de divisas para o país, por meio da exportação. Isso pode contribuir para a redução do déficit comercial e para o fortalecimento da balança comercial angolana.

O OGE/2023 comporta receitas estimadas em KZ 20 104 207 404 872,00 (vinte biliões, cento e quatro mil duzentos e sete milhões, quatrocentos e quatro mil e oitocentos e setenta e dois Kwanzas) e despesas fixadas em igual montante para o mesmo período. E desse Orçamento se prevê aproximadamente 13 mil milhões de kwanzas para o financiamento de projectos que visam fomentar a produção nacional agrícola, pecuária e nas pescas. A presente proposta do OGE/2023 tem um incremento de 33,4 por cento em relação a 2022, cujas receitas situaram-se em 18,7 biliões de kwanzas que destinou cerca de 2,9% para o sector agrícola.

Citada pelo diário Jornal de Angola, a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, apontou que o Executivo deverá “canalizar cada vez mais recursos” para o sector produtivo, porque se acredita ser o “cérebro” que vai “fazer mexer a economia e criar emprego”.

Temos “quase um bilião de dólares para o sector produtivo. Se conseguíssemos gerar mais receitas, faríamos ainda mais”, defende Sousa.

A velha dependência do petróleo

No entanto, especialistas apontam ainda um caminho longo por se percorrer. Entre os desafios significativos para a efectiva implementação desses investimentos, está a falta de infraestrutura, a capacidade técnica do sector agrícola e o acesso limitado ao crédito e a tecnologias modernas.

O sector privado também tem um papel importante a desempenhar no investimento em agricultura, por meio da implementação de iniciativas e projectos agrícolas em parceria com o governo ou de forma independente.

Em resumo, Angola tem aumentado gradualmente os seus investimentos na agricultura, mas ainda há, na visão de analistas, um longo caminho a percorrer para que se alcance todo o seu potencial como um pilar da diversificação económica do país.

O secretário de Estado para a Agricultura e Pecuária, João Manuel Bartolomeu da Cunha, enaltece a importância da produção agrícola como factor que poderá tirar o país da velha dependência do petróleo, destacando a capacidade hidrográfica, condições climáticas, terras férteis e a força jovem como componentes fundamentais para tornar o país próspero e reduzir os níveis de importação.

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