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O erro cometido pelo chefe do Goldman Sachs — e o que ele pensa disso hoje

Adriana Mattos

14 Janeiro, 2025 - 23:01

Adriana Mattos

14 Janeiro, 2025 - 23:01

Segundo David Solomon, os EUA têm sido incrivelmente resilientes e houve efeito, nesse processo, do aumento dos gastos fiscais após o início da pandemia, e foi aí que seu cálculo se mostrou equivocado

O CEO e chairman do Goldman Sachs Group, David Solomon, disse hoje que o avanço da inflação e os desequilíbrios nas contas públicas são os maiores desafios de curto prazo das economias no mundo. Nos EUA, a atenção ainda precisa se voltar para as políticas restritivas de imigração do governo de Trump, que podem pressionar custo de mão de obra e inflação.

Em um painel durante a Retail’s Big Show, em Nova Iork, Solomon mencionou ainda uma uma falha em suas análises recentes, já que o cenário se mostrou diferente do que previa.

Segundo ele, os EUA têm sido incrivelmente resilientes e houve efeito, nesse processo, do aumento dos gastos fiscais após o início da pandemia, e foi aí que seu cálculo se mostrou equivocado.

“Parte das decisões de manter a economia aquecida veio de estímulos fiscais. Então, nós pensávamos que haveria uma inflação subindo com isso e teria que vir uma política monetária mais rígida. Logo, eu via que a chance de descontrole era alta. Mas não calculei bem o vento favorável que viria dos gastos fiscais” disse.

“Se não fosse isso, estaríamos numa situação mais frágil agora. Com relação à inflação, ela realmente está aí, e ficou e o governo vem vindo com aperto de gastos. E tudo isso tem que ter um equilíbrio cuidadoso.”

De qualquer forma, na visão de Solomon, os governos estão em uma situação mais difícil hoje pela questão das contas públicas.

No mesmo painel, na conversa com Solomon, Matthew Shay, presidente da NRF, a associação americana de varejo, disse que os consumidores foram “bombados” com os auxílios de renda na crise sanitária. Só que, passado isso, havia “pouca gordura” para acomodar a pressão sem efeito na alta dos preços.

“A inflação é punitiva e estamos numa situação frágil. E a gente precisa de imigração [de mão de obra] para estimular a economia. Se eu acho que a inflação continua alta por muito tempo nos EUA? Não acho. Se eu acho que o Fed [Federal Reserve, o banco central americano] pode ser muito mais agressivo? Acho que não”, disse o chefe do Goldman Sachs.

Os aumentos dos gastos pelos países no mundo, inclusive no Brasil, com o auxílio emergencial, foram adotados para tentar manter as economias aquecidas na pandemia, e na época, havia uma linha que questionava a extensão disso pelo risco da falta de controle desses desembolsos, especialmente em países com eleições próximas, onde havia pressão política.

O executivo ainda disse que não vê espaço para uma desglobalização das empresas, passada a pandemia, quando companhias pelo mundo passaram a debater a hipótese de ter fábricas mais perto dos mercados consumidores. “Depois que você quebra os ovos, não dá para por os ovos de volta. Uma desglobalizacao seria um processo complexo e lento.”

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