Em Foco

O que Angola perde se Trump fechar a USAID?

Bernardo Bunga

7 Fevereiro, 2025 - 08:27

Bernardo Bunga

7 Fevereiro, 2025 - 08:27

Um dos principais instrumentos da política externa norte-americana, responsável por aproximadamente 40% da ajuda humanitária global, de que Angola se tem beneficiado a quase quatro décadas, está na iminência de ser descontinuado. Pelo menos é o que pretende o Presidente dos Estados Unidos da América

A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, na sigla USAID, é a maior distribuidora de ajuda externa norte-americana, que só em 2023 desembolsou quase US$ 44 biliões.

Angola é um dos países que se tem beneficiado da ajuda da USAID. A relação remonta a 1977, período em que o compromisso de financiamento (obrigação) da agência para o Estado angolano esteve avaliado em US$ 744 619.

Entre 2001 e 2024, USAID efectuou desembolsos acumulados para Angola que totalizam US$ 1,70 bilião, representando o volume efectivo de pagamentos destinados a projectos, programas e parceiros financiados no âmbito das suas operações. Este montante representa um fluxo médio anual de US$ 70,69 milhões ao longo dos últimos 24 anos.

No período em análise, a alocação de recursos da agência norte-americana ao Estado angolano oscilou de forma significativa. O ano de 2003, sob a administração de George W. Bush, destacou-se como o período de maior volume desembolsado, atingindo um montante de US$ 149,13 milhões. Em contraposição, 2020, sob a liderança de Donald Trump, representou o ponto mais baixo desse fluxo de financiamento, com um desembolso de apenas US$ 35,45 milhões.

Nos últimos 24 anos, os Estados Unidos tiveram quatro presidentes, totalizando seis mandatos presidenciais, cada um com duração de quatro anos. Durante esse período, o volume de financiamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional destinado a Angola variou de forma notável, espelhando diferentes abordagens da política externa norte-americana em relação ao país.

O mandato de Bush (2001-2004), que coincidiu com o fim do conflito armado em Angola, destacou-se como a fase de maior alocação de recursos pela USAID, com uma média anual de US$ 113,41 milhões, acima da média do período em análise. Em contrapartida, o mandato de Donald Trump (2017-2020) caracterizou-se como o período de menor volume de desembolsos para Angola, com uma média anual de US$ 49,86 milhões.

Especialistas em saúde pública de vários países afirmam que “a rapidez com que o governo Trump procedeu ao desmantelamento da USAID terá repercussões profundas e de longo prazo, cujos efeitos serão progressivamente mais evidentes nos próximos anos”.

Partilhar nas Redes Sociais

Bernardo Bunga

EDITOR DE ECONOMIA & OIL

Bernardo Bunga é Editor de Economia & Oil no O Telegrama e possui mais de 5 anos de experiência em análise económica e planeamento financeiro. Licenciado em Economia pela Universidade Católica de Angola (UCAN), detém, também, o bacharel em Gestão Financeira pela Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (UAN). Fez parte da equipa de consultores que prestou consultoria ao Banco Mundial, ao Ministério do Planeamento e ao Ministério das Finanças para a harmonização de salários e subsídios dos projectos da representação em Angola do Banco Mundial. Actuou como consultor na Global Education e na Knowledge – Consultores & Auditores. Possui formações em planeamento e estratégia de tomada de decisão, teoria das restrições – Lean e Six Sigma (TLS), Excel Avançado e Análise de Dados.
error: Content is protected !!

Leia o principal veículo de informação financeira de Angola

CONTEÚDO PREMIUM DESDE

AOA 1.999/Mês