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Brasil atinge o menor índice de pobreza da sua história

Bernardo Bunga

5 Dezembro, 2025 - 21:09

Bernardo Bunga

5 Dezembro, 2025 - 21:09

O resultado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) representa a saída de 8,6 milhões de brasileiros da condição de pobreza apenas no último ano

‎A taxa de extrema pobreza no Brasil alcançou, em 2024, o valor mais baixo desde o início da série histórica em 2012, marcando um avanço expressivo nos indicadores sociais. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice caiu para abaixo dos níveis registados antes da pandemia, correspondendo a uma redução de 4,2 pontos percentuais (p.p.) em relação a 2023, quando atingia 27,3% da população.

‎Os números demonstram uma mudança estrutural relevante. No ano passado, 48,9 milhões de brasileiros viviam com menos de US$ 6,85 por dia. Em 2023, esse contingente era muito maior, alcançando 57,6 milhões de pessoas. A queda contínua pelo terceiro ano consecutivo sinaliza uma recuperação socioeconómica que se consolidou após os fortes impactos da pandemia de COVID-19, que ampliou desigualdades e pressionou a renda das famílias.

‎Em 2021, o número de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza chegou a 77 milhões de pessoas, o equivalente a 36,8% da população. Desde então, o país vem registando recuos sucessivos. Em 2022, a taxa caiu para 31,6%, iniciando um ciclo de melhoria que se confirmou nos anos seguintes. Em 2024, o índice atingiu 23,1%, o menor percentual de toda a série histórica.

‎A dinâmica recente contrasta com a trajectória observada na década anterior. Em 2012, início da actual série, o Brasil contabilizava 68,4 milhões de pessoas em situação de pobreza (34,7%). Ao longo dos anos seguintes, houve avanços moderados. Em 2019, último ano antes da pandemia, o número de pessoas no domínio da pobreza extrema havia diminuído para 67,5 milhões (32,6%).

‎De acordo com o IBGE, a crise sanitária de 2020 trouxe uma redução temporária da pobreza, impulsionada pelos programas de transferência de renda emergenciais. Naquele ano, o índice caiu para 31,1%, apesar do choque económico provocado pela pandemia. Contudo, com o arrefecimento desses auxílios e o agravamento do desemprego, a taxa voltou a subir fortemente em 2021.

‎Desigualdades regionais e raciais ainda desafiam avanço social

‎Apesar dos avanços no combate à pobreza, o país sul-americano continua a enfrentar profundas assimetrias regionais e raciais. O estudo do IGBE indica que a queda dos indicadores em âmbito nacional não se distribui de forma homogênea pelo território nem entre os diferentes grupos populacionais.

‎As regiões Norte e Nordeste seguem como os epicentros da vulnerabilidade socioeconómica. Em 2024, a pobreza atingia 39,4% da população do Nordeste e 35,9% dos moradores do Norte. Nas regiões mais desenvolvidas, os números foram significativamente menores, 15,6% no Sudeste, 15,4% no Centro-Oeste e apenas 11,2% no Sul, que repetiu seu histórico de menor incidência de pobreza no país.

‎A mesma disparidade aparece nos indicadores de extrema pobreza. Enquanto o Nordeste (6,5%) e o Norte (4,6%) permanecem com taxas acima do dobro das observadas no Sul (1,5%) e no Centro-Oeste (1,6%), a média nacional ficou em 3,5%. No Sudeste, o índice chegou a 2,3%, reforçando a disparidade entre as regiões.

‎O relatório também evidencia a persistência das desigualdades raciais, consideradas um dos principais factores estruturais que alimentam o ciclo de pobreza no país. Entre a população branca, 15,1% viviam em situação de pobreza e 2,2% em extrema pobreza em 2024. Já entre os negros, esses percentuais sobem expressivamente para 25,8% e 3,9%, respectivamente. Entre pessoas mestiças, os números são ainda mais elevados, 29,8% em situação de pobreza e 4,5% em extrema pobreza.

‎O país liderado por Luiz Inácio Lula da Silva registou, no ano passado, uma das maiores reduções da desigualdade de renda da última década, segundo dados do IBGE, o Índice de Gini, principal métrica utilizada para medir a concentração de renda no país, caiu para 0,504, o menor nível desde 2012 e abaixo dos 0,517 registados em 2023. De acordo com o instituto, sem esses programas o Gini teria alcançado 0,542.

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