A desigualdade de rendimentos no país continental de língua oficial portuguesa apresentou uma redução significativa, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelas autoridades estatísticas nacionais. O coeficiente de Gini da renda domiciliar mensal real per capita, principal parâmetro internacionalmente adoptado para aferir a desigualdade distributiva, recuou para 0,506, representando o valor mais baixo já registado na série histórica disponível.
Este índice, cuja escala varia entre 0 (igualdade absoluta) e 1 (desigualdade total), atingira o seu patamar mais elevado em 2018, quando chegou a 0,545.
A análise desse movimento ganha ainda maior robustez quando se observa a evolução de outro indicador crítico da concentração de riqueza: a razão entre os rendimentos apropriados pelo 1% mais rico da população e os auferidos pelos 40% mais pobres.
Conforme os dados apurados, essa razão situou-se em 36,2 vezes, o menor nível desde 2012 e consideravelmente inferior ao pico de 48,9 vezes observado em 2019, reforçando a tendência de atenuação da desigualdade de rendimento num contexto de recuperação económica.
Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgados pelo IBGE, a renda familiar mensal real per capita alcançou 2 020 reais, (US$ 3 55). O valor representa uma expansão de 4,7% em relação ao ano de 2023 e um expressivo crescimento acumulado de 19,1% desde 2012, ano inaugural da actual série histórica.
Em termos agregados, a renda per capita total da população brasileira também atingiu o patamar mais elevado desde o início da série, 438,3 biliões de reais (US$ 77,3 biliões), correspondendo a um incremento de 5,4% em relação a 2023.
A renda de todas as fontes, incluindo salários, pensões e programas sociais, cresceu 2,9% em 2024, atingindo uma média de 3 057 reais (US$ 539 dólares). Dentro desse grupo, a renda do trabalho continua a ser a mais representativa, com uma participação de 74,9%, também em crescimento.
O número de pessoas com alguma forma de renda também foi o maior da série: 143,4 milhões de brasileiros receberam renda em 2024. Destes, 101,9 milhões receberam renda regular do trabalho e 29,2 milhões receberam benefícios de aposentadoria ou pensão.