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Em quatro décadas, Brasil perdeu 111,7 milhões de hectares de áreas naturais ‎

Bernardo Bunga

15 Agosto, 2025 - 12:07

Bernardo Bunga

15 Agosto, 2025 - 12:07

‎O território brasileiro registou uma redução significativa na sua cobertura de vegetação nativa ao longo das últimas quatro décadas, fenómeno atribuído principalmente à expansão agrícola e à intensificação de eventos climáticos extremos. A constatação é de um estudo divulgado pela MapBiomas ‎

‎Entre 1985 e 2024, o Brasil registou uma perda acumulada de 111,7 milhões de hectares de áreas naturais, o que corresponde a 13% da sua superfície territorial, extensão comparável à dimensão geográfica da Bolívia. A revelação consta de um estudo feito pela MapBiomas, iniciativa vinculada ao Observatório do Clima, que congrega universidades e organizações ambientais na produção de dados e análises sobre o uso do solo no país sul-americano.

‎De acordo com o levantamento divulgado na semana passada, em 1985, cerca de 80% do território brasileiro mantinha-se coberto por vegetação nativa. No entanto, em 2024, esse índice recuou para 65%, enquanto 32% da área do país continental passou a ser ocupada por actividades agrícolas e pecuárias. O estudo aponta ainda que, no período analisado, as florestas e selvas foram os ecossistemas mais severamente impactados, sofrendo uma redução de 15%, o que corresponde a 62,8 milhões de hectares perdidos.

‎Os dados do projecto MapBiomas indicam que a área ocupada por pastagens cresceu 68% no período, o que equivale a 62,7 milhões de hectares adicionais, enquanto a agricultura registou uma expansão ainda mais expressiva, de 236%, incorporando cerca de 44 milhões de hectares.

‎O Coordenador-Geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, classificou a intensidade dessa ocupação como “inédita” na história recente do país. Segundo ele, as últimas quatro décadas revelam um cenário de pressão crescente sobre os biomas brasileiros, exigindo respostas urgentes por parte do poder público.

‎“A magnitude desses números reforça a necessidade de políticas públicas que conciliem a produção agropecuária com a preservação ambiental. É fundamental priorizar a restauração de áreas degradadas e conter a invasão de regiões naturais que ainda permanecem preservadas”, defendeu Azevedo.

‎Especialistas alertam que, sem medidas efetivas de ordenamento territorial, o avanço descontrolado da fronteira agrícola poderá comprometer irreversivelmente ecossistemas estratégicos, com impactos directos sobre a biodiversidade, os recursos hídricos e o equilíbrio climático nacional.

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