Finanças & Wall Street

PGR emite mandado de captura internacional contra Isabel dos Santos

18-11-2022 5:13

Nelson Francisco Sul

Director

18-11-2022 5:13

Nelson Francisco Sul

Director

Depois de insucessos das cartas rogatórias para ouvir a primogénita do ex-Presidente da República e do MPLA, a Procuradoria-Geral viu-se agora obrigada a utilizar a "última ratio": instou a polícia criminal internacional para prender Isabel dos Santos.

A Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP) da Procuradoria-Geral da República (PGR) acaba de emitir um mandado de captura internacional contra a empresária Isabel Kukanova dos Santos.

Em causa estão vários processos de natureza criminal e cível que pendem sobre a primogénita do antigo Presidente de Angola, que já foi a mulher mais rica de África. Assinado pelo sub-procurador-geral Wanderley Bento Mateus, chefe da DNIAP, o processo foi encaminhado para a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal), avança fonte segura d’O Telegrama.

O mandado de captura internacional contra Isabel dos Santos surge numa altura em que o procurador-geral da República, Hélder Fernando Pitta Gróz, chegou a afirmar que a justiça angolana deu “todas as oportunidades” a Isabel dos Santos, para que esta pudesse defender a sua inocência relativamente aos factos judiciais de que tem sido alvo.

Informação que a empresária negou categoricamente, dizendo que sempre esteve “disponível e representada” pelos seus advogados.

“Ao contrário da notícia, acredito que é do interesse de todos os angolanos e sobretudo do meu esclarecer as inverdades que existem a meu respeito”, escreveu Isabel dos Santos numa publicação partilhada na rede social Instagram.

Na mesma publicação, a empresária, exilada nos Estados Unidos da Arábia Saudita, lamentou ainda estar a ser alvo de uma perseguição sem tréguas, mas que, apesar de tudo, não vai deixar de acreditar no seu país.

“Acredito em Angola, sempre investi no meu país, criei empresas, empregos e formei pessoas. Eu amo Angola”, escreveu.

Ausente do País desde princípios de 2018, Isabel dos Santos vem indiciada em vários processos ligados à sua gestão na presidência da petrolífera estatal Sonangol, além dos processos que envolvem a constituição do seu império empresarial e financeiro, o que levou o arresto do seu património e bloqueio de contas bancárias em Angola e no estrangeiro. Um desses processos levou o Presidente da República a nacionalizar a participação societária de 25% que a empresária detinha na operadora de telefonia móvel UNITEL, através da Vidatel.

No despacho presidencial de 26 de Outubro, o Presidente João Lourenço justificou a decisão como “o meio mais adequado,  necessário e proporcional para a salvaguarda da situação jurídica da empresa e a garantia do interesse do Estado” e que a medida foi tomada, “esgotadas todas as possibilidades de acordo com o accionista visado e havendo concordância de outro accionista”.

Contactado pel’O Telegrama, o sub-procurador-geral e porta-voz da PGR, Álvaro da Silva João, recusou-se a se pronunciar sobre o assunto. Com a presidência da República e a PGR a falarem a mesma língua, vislumbram-se uma guerra sem tréguas contra aquela que foi a “queridinha” do antigo presidente José Eduardo dos Santos, chegando mesmo ostentar a alcunha de “princesa de Angola”. 

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