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20% da população africana em risco de secas severas e extremas ‎

Bernardo Bunga

14 Setembro, 2025 - 15:53

Bernardo Bunga

14 Setembro, 2025 - 15:53

Até 2050, mais de 1,6 bilhão de pessoas poderão estar expostas a secas severas e extremas, caso se confirme um dos cenários mais pessimistas. A informação pode ser consultada no relatório da INFORM Climate Change, fruto da colaboração entre o Centro Euro-Mediterrâneo sobre Mudanças Climáticas (CMCC) e o Centro Conjunto de Pesquisa da Comissão Europeia (JRC)

‎‎O documento, que projecta consequências dramáticas para a segurança hídrica e alimentar, aponta África como uma das regiões mais vulneráveis, onde cerca de 20% da população poderá enfrentar escassez hídrica crítica, testemunhando a interligação entre alterações climáticas, fragilidades institucionais e riscos humanitários crescentes.

‎Somália, Namíbia, Zimbábue, Mauritânia e África do Sul figuram entre os países mais expostos ao risco de seca em todo o mundo, segundo a actualização do Índice de Risco INFORM, uma ferramenta internacional que avalia a probabilidade e o impacto de crises humanitárias. Os cinco países africanos apresentam pontuações superiores a 9 pontos, o que os coloca na categoria de risco extremo.‎

‎O relatório também destaca que outras nações, fora do continente africano, enfrentam um cenário igualmente alarmante. Entre elas estão Iraque, Síria e Afeganistão, todos acima do limiar de 6,9 pontos, definido como “risco muito alto”.

‎Algumas das conclusões do relatório o Estado do Clima na África 2024 destaca que esta é a década mais quente para a África desde que os registos foram iniciados. A temperatura da superfície do mar atingiu seu nível recorde no ano passado. O relatório também faz menção que cheias e secas destruíram subsistências e comunidades em várias partes do mundo. E fenómenos climáticos como El Niño tiveram um papel nesse resultado.

‎No caso do sul da África, as condições de seca especialmente no Malawi, na Zâmbia e no Zimbábue levaram as piores estiagens das últimas duas décadas. Com isso, plantações de cereal ficaram 16% abaixo da média de cinco anos. No caso de Zâmbia e Zimbábue, a redução ultrapassou 43%.

‎No leste da África, que registou chuvas longas e pesadas, de Março a Maio de 2024, houve cheias no Quênia, na Tanzânia e no Burundi. Centenas de pessoas morreram e mais de 700 mil foram afectadas.

‎O ano passado foi terceiro consecutivo com colheitas abaixo do nível esperado por causa de chuvas pesadas e temperaturas extremamente altas. A produção do Marrocos, por exemplo, caiu 42% abaixo da média do quinquênio após seis anos seguidos de seca.

‎O Índice de Risco INFORM, concebido pelo Centro de Conhecimento de Gerenciamento de Risco de Desastres, surge como uma das ferramentas mais sofisticadas para a leitura antecipada de vulnerabilidades globais. O índice é também um instrumento de governança global, na medida em que orienta decisões que podem redefinir a capacidade de reação de nações inteiras perante cenários adversos.

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Bernardo Bunga

EDITOR DE ECONOMIA & OIL

Bernardo Bunga é Editor de Economia & Oil no O Telegrama e possui mais de 5 anos de experiência em análise económica e planeamento financeiro. Licenciado em Economia pela Universidade Católica de Angola (UCAN), detém, também, o bacharel em Gestão Financeira pela Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (UAN). Fez parte da equipa de consultores que prestou consultoria ao Banco Mundial, ao Ministério do Planeamento e ao Ministério das Finanças para a harmonização de salários e subsídios dos projectos da representação em Angola do Banco Mundial. Actuou como consultor na Global Education e na Knowledge – Consultores & Auditores. Possui formações em planeamento e estratégia de tomada de decisão, teoria das restrições – Lean e Six Sigma (TLS), Excel Avançado e Análise de Dados.

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