A notícia não apanhou totalmente de surpresa os sectores bancários e financeiros angolanos, depois que o banco central português dera conta da queda do Banco Espírito Santo (BES), a empresa-mãe do Banco Espírito Santo Angola (BESA).
Foi precisamente num domingo quando o relógio marcava 22h45, 3 de Agosto de 2014. O então governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, anunciava a insolvência do BES.
Como medida de resolução, Carlos Costa sublinhava que Portugal, em articulação com as autoridades europeias, decidiu aplicar uma medida de resolução que passaria pela criação de um banco novo — que tomou a designação de Novo Banco —, devidamente capitalizado e expurgado de activos problemáticos. A outra parte, designada por “banco mau”, absorveu a maioria dos activos tóxicos.
As ondas de choque em Lisboa começaram a fazer-se sentir de imediato no sector financeiro e nos corredores políticos do Palácio da Cidade Alta, em Luanda. Três dos principais homens de confiança do ex-Presidente José Eduardo dos Santos (Zedu) detinham participações relevantes na filial angolana do banco de origem portuguesa, através da empresa Portmill: Manuel Domingos Vicente, à data dos factos vice-presidente da República, Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, e Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, antigo chefe das comunicações da Presidência e então consultor do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República.
No dia seguinte à tomada de posição do supervisor do sistema bancário português, antevendo as implicações nocivas que a derrocada do BES provocaria no sistemas bancário e económico angolanos, o BNA anunciou (a 4 de Agosto) a entrada do Estado no Banco Espírito Santo Angola (BESA), nomeando administradores provisórios que passariam a actuar com plenos poderes sob todas as medidas de remediação, para que o banco pudesse funcionar dentro das normas de prudência estabelecidas para o exercício da actividade comercial bancária no País. Nessa altura, o gestor português Rui Guerra, então CEO da instituição, vê os seus poderes reduzidos praticamente a zero.
Leia o artigo na íntegra na edição n.º 1 da revista O Telegrama, de 13 de Outubro de 2023, em papel.