As projecções para a inflação brasileira voltaram a recuar, reforçando a leitura de que o processo de desaceleração de preços tende a consolidar-se nos próximos anos, mesmo sob um ambiente de desafios fiscais e pressões globais persistentes. A meta oficial do Banco Central de 3% ao ano, admitindo uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para cima ou para baixo permanece como âncora do regime monetário, enquanto os agentes financeiros ajustam progressivamente suas expectativas.
Na estimativa mais recente, destinada ao ano eleitoral de 2026, os analistas projectam, agora, inflação de 4,18%, ligeiramente abaixo dos 4,20% indicados anteriormente. Para 2025, o movimento de reavaliação foi ainda mais expressivo. A projecção de quatro semanas atrás apontava para 4,56%, enquanto o relatório actual indica 4,45%, apontando maior convicção quanto à manutenção de uma postura monetária restritiva suficiente para conter pressões inflacionistas.
Segundo estimativas dos analistas, a taxa básica de juros, a Selic (taxa básica de juros da economia brasileira), deve encerrar 2025 em 15% ao ano, nível que se mantém inalterado. Para 2026, contudo, as expectativas começam a reflectir um horizonte menos hostil. A previsão anterior, que indicava 12,25% ao ano, foi ajustada para 12%, movimento que antevê uma possível flexibilização monetária mais adiante, caso a convergência inflacionista avance em ritmo consistente e a trajectória fiscal encontre maior credibilidade perante investidores.
No campo da actividade económica, o cenário segue estável, sem revisões que indiquem aceleração ou deterioração significativa. A projecção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país sul-americano permanece em 2,16% para 2025, enquanto o ritmo esperado para 2026 segue em 1,78%.
Em relação à dinâmica cambial, o dólar deve terminar 2025 cotado a R$ 5,40. Para 2026, a moeda norte-americana tende a apresentar leve avanço, para R$ 5,50.
Na esfera do mercado externo, a balança comercial deverá alcançar US$ 62,1 biliões em 2025, avançando para US$ 66 biliões em 2026. Embora o sector externo siga robusto, os sinais mais cautelosos vêm do fluxo de capitais internacionais. A entrada de investimento estrangeiro directo (IED) deve registar US$ 72,35 biliões em 2025, recuando para US$ 70 biliões em 2026.