Segundo o relatório Investimento Mundial em Energia, do montante total do capital projectado para o sector da energia, aproximadamente US$ 2,2 triliões serão alocados colectivamente a tecnologias e infraestruturas voltadas à transição energética, incluindo fontes renováveis, energia nuclear, redes eléctricas, armazenamento, combustíveis de baixa emissão, iniciativas de eficiência energética e electrificação, valor que representa o dobro dos US$ 1,1 trilião estimados para os sectores convencionais de petróleo, gás natural e carvão.
Os dados do relatório indicam que cerca de 70% do crescimento global nos gastos com transição energética foi protagonizado por países importadores líquidos de combustíveis fósseis. A China lidera esse movimento com uma estratégia de longo prazo voltada à redução da dependência de importações de petróleo e gás, aliada à ambição de firmar sua posição de relevância em sectores emergentes de tecnologia limpa.
“Em 2024, o investimento em energia limpa da China foi de mais de US$ 625 biliões, quase dobrando desde 2015”, lê-se no documento.
“Na Europa, o avanço dos investimentos em renováveis e eficiência energética ganhou tracção a partir da crise desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia e pela consequente ruptura no fornecimento de gás por gasoduto choque que redefiniu, em tempo recorde, as prioridades da política energética continental”, destaca o relatório.
O documento faz ainda referência que a Índia registou uma recuperação robusta nos gastos com energia solar. Já os Estados Unidos respondem por aproximadamente 20% do acréscimo global.
A trajectória da África, no entanto, apresenta uma dinâmica particular dentro do cenário global. Durante a última década, aproximadamente metade dos investimentos energéticos no continente esteve concentrada em petróleo e gás, capitaneados maioritariamente por empresas privadas com foco na exportação e não na oferta doméstica.
De acordo com o documento, até 2021, os aportes em energia limpa mantiveram-se estagnados abaixo da marca de US$ 30 biliões anuais, revelando a dificuldade histórica de atrair capital para infra-estrutura energética sustentável em mercados considerados de maior risco.
Entretanto, esse cenário começou a transformar-se nos últimos anos, a combinação entre a queda acentuada nos custos globais de tecnologias limpas e a crescente competitividade da energia solar fotovoltaica, hoje, a fonte de menor custo em muitos países africanos impulsionou uma inflexão significativa nos fluxos de capital.
O resultado foi uma triplicação dos investimentos privados em energia limpa no continente berço, que saltaram de cerca de US$ 17 biliões em 2019 para quase US$ 40 biliões estimados em 2024, com destaque para o crescimento em projectos de baixa emissão.