A cronologia do primeiro governo de João Lourenço começou logo pela forma como foram conhecidos os seus auxiliares. Reconduziu a maioria dos antigos colaboradores do seu antecessor, num ensaio que veio a repetir-se parcialmente no segundo mandato. Os resultados, conforme observação de vários especialistas, não poderiam ter sido mais do que um autêntico falhanço relativamente à condução e ao desempenho da economia angolana.
Quando assumiu o poder, em 2017, o Presidente Lourenço quis marcar uma ruptura com o passado. Assumiu-se como reformista ao estilo Deng Xiaoping, histórico líder chinês e impulsionador do “milagre económico” do país asiático, único na história que tirou um país da pobreza extrema, e devastado pela guerra, para se tornar numa potência mundial na pirâmide da economia global.
O Centro de Estudos para o Desenvolvimento Económico e Social da África Austral (CEDESA), entidade internacional dedicada ao estudo e investigação de temas políticos e económicos, com escritórios espalhados em Lisboa, Luanda e Oxford, explica num relatório de 2021 que o sucessor de José Eduardo dos Santos “tentou introduzir uma reforma da economia, uma abertura política e um desmantelamento da oligarquia dominante”.
Entretanto, ao contrário do que se esperava, no capítulo macroeconómico o cerco começou a apertar-se. Na opinião do professor da Universidade de Oxford, Rui Santos Verde, há uma justificação: o facto de João Lourenço ter ido buscar Manuel José Nunes Júnior, um dos principais rostos do “falhado modelo económico” adoptado a partir do ano que marca o fim do longo período de conflito armado (2002).
“O resultado só poderia ser a floresta de equívocos que se seguiu”, lê-se num artigo publicado no portal Maka Angola pelo investigador da CEDESA e também membro do think tank britânico Chatham House — Instituto Real de Estudo Internacionais.
Opinião diferente tem o antigo membro do Conselho da República, o engenheiro agrónomo Fernando Pacheco, que questiona se o ex-ministro de Estado será mais culpado dos recentes terramotos económicos do que o titular do poder executivo.
Leia o artigo na íntegra na edição n.º 1 da revista O Telegrama, de 13 de Outubro de 2023, em papel.