O Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2026 estima receitas e fixa despesas no montante global de AOA 33,24 mil milhões (US$ 36,43 milhões), visando a consolidação dos orçamentos dos Órgãos de Soberania, da Administração Pública Central e Local, dos Institutos Públicos, das Entidades Independentes e da Segurança Social. O documento integra, ainda, os Serviços e Fundos Autónomos, bem como as transferências e subsídios às Empresas Públicas e às Instituições de Utilidade Pública.
Do total das receitas previstas, as receitas petrolíferas deverão atingir AOA 7,5 mil milhões (US$ 8,22 milhões), sendo AOA 5,15 mil milhões (US$ 5,64 milhões) provenientes da Concessionária e AOA 1,82 mil milhões (US$ 1,99 milhões) resultantes do imposto sobre o rendimento do petróleo. As receitas não petrolíferas estão estimadas em AOA 10,7 mil milhões (US$ 11,73 milhões), com origem, maioritariamente, em impostos, taxas e dividendos, “reflectindo o esforço contínuo de alargamento da base fiscal”, segundo o documento orientador das despesas e arrecadação das receitas fiscais.
Segundo a titular da pasta das Finanças, o Orçamento é construído com base em projecções, tanto ao nível das receitas fiscais como das receitas de financiamento, o que faz da execução o seu maior desafio.
Constrangimentos macroeconómicos ou operacionais, caso se materializem, podem comprometer a concretização do Orçamento nos termos em que foi apresentado. Ainda assim, o Executivo assegura que irá acompanhar, de forma permanente, a execução orçamental, com mecanismos de monitorização e mitigação de riscos, de modo a garantir que as receitas se concretizem e que as despesas previstas possam ser efectivamente materializadas.
Reformas operacionais e melhoria do serviço público
Entre as principais inovações do OGE 2026 destacam-se medidas de natureza operacional orientadas para a eficiência da despesa pública e a melhoria da prestação dos serviços essenciais. Um dos exemplos apontados pela Ministra das Finanças é a transferência directa de recursos para escolas e unidades hospitalares, sem necessidade de intermediação do Ministério da Educação ou das Direcções Provinciais de Saúde.
De acordo com Vera Daves de Sousa, apesar de se tratarem de ajustes aparentemente simples, estas medidas permitem acelerar a disponibilização de recursos no terreno, com impacto directo na qualidade dos serviços prestados à população. O Orçamento contempla, igualmente, o reforço das dotações para as novas províncias, numa perspectiva de maior equilíbrio territorial.
Diversificação económica e instrumentos financeiros do Estado
No domínio da diversificação económica, o OGE 2026 mantém espaço fiscal para a continuidade da capitalização dos principais instrumentos financeiros do Estado, com destaque para o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA) e o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA).
O foco recai sobre a agricultura, mas numa abordagem integrada, orientada para o desenvolvimento de toda a cadeia de valor. Estas iniciativas enquadram-se num conjunto mais amplo de medidas destinadas a responder a desafios estruturais, como a segurança alimentar, a qualidade do serviço público e o estímulo à actividade económica fora do sector petrolífero.
O documento prevê, ainda, medidas de natureza fiscal, incluindo o perdão de juros para a regularização de dívidas fiscais, com o objectivo de aliviar a pressão sobre os contribuintes, melhorar a arrecadação de receitas e reforçar a sustentabilidade das finanças públicas.