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A queda do petróleo e as incertezas em Washington e Pequim

Bernardo Bunga

11 Setembro, 2024 - 18:34

Bernardo Bunga

11 Setembro, 2024 - 18:34

Desde Maio, o preço do barril de petróleo Brent vem registando uma queda contínua. No quinto mês do ano, o barril de petróleo valia US$ 83,59, representando uma redução de 6,21% em comparação a Abril (US$ 89,12). Em Agosto, o preço caiu ainda mais, fixando-se em US$ 78,41, correspondendo a uma queda de 7,13% em relação ao mês de Julho (US$ 84,43). O enfraquecimento da demanda chinesa e a desaceleração no consumo dos EUA elevam as incertezas no mercado de petróleo

Com a queda que se vem verificando no preço do barril de petróleo, a OPEP+ procura negociar o adiamento da oferta de petróleo. De acordo com as informações da Bloomberg, os principais membros do “cartel” cogitam a possibilidade de não levarem adiante o aumento programado de 180.000 barris por dia em Outubro. Alguns especialistas prevêem que os preços do petróleo podem variar entre 60 e 70 dólares por barril devido à demanda lenta da China e ao persistente excesso de oferta global.

Esta previsão reflecte uma confluência de factores estruturais e conjunturais que impactam a economia global de forma interdependente. Primeiramente, o arrefecimento da demanda chinesa, que contraria as expectativas anteriores de recuperação sustentada, contribui, de forma significativa, para esse cenário de volatilidade. A China, maior importador de petróleo mundial, enfrenta desafios internos, como a desaceleração do crescimento económico e o enfraquecimento da actividade industrial, o que reduz a sua capacidade de absorção de grandes volumes de petróleo no mercado internacional.

A Agência Internacional de Energia, no seu último relatório, prevê um excesso de oferta de petróleo até ao fim desta década, com o consumo global atingindo o pico antes de 2030. A alta produção em regiões como Oriente Médio e EUA, aliada à ineficácia dos cortes da OPEP+, está a pressionar os preços para baixo, que já caíram após picos acima de 90 dólares no início do ano.

Falando em uma colectiva de imprensa, o director executivo da IEA, Fatih Birol, destacou a “acrescente penetração de veículos eléctricos (EV) na China, Europa, EUA e cada vez mais nos mercados emergentes”. Birol observou, ainda, a crescente competitividade de custos dos carros eléctricos na China, o impulsionador da penetração de carros eléctricos.

Outra nota tem que ver com a geração de electricidade, que muitos dos produtores de petróleo no Oriente Médio e Norte da África estão a mudar para energias renováveis ou gás natural para geração de electricidade.

A dinâmica de desaceleração da demanda não se limita à China. Nos Estados Unidos, segunda maior economia global, o consumo de petróleo também enfrenta pressões decorrentes de factores como o enfraquecimento do sector industrial e as incertezas económicas associadas a potenciais mudanças na política monetária do Federal Reserve.

A interacção entre o enfraquecimento da demanda chinesa, a desaceleração no consumo dos EUA e a persistente oferta elevada geram um ambiente de incerteza que coloca o mercado de petróleo em um intervalo de preços relativamente mais baixo, comparado aos picos observados recentemente. O impacto dessa volatilidade, conjuntura os pensadores económicos, pode repercutir em diversos sectores económicos, aumentando os riscos para produtores de petróleo, enquanto favorece consumidores e países dependentes de importação.midores e países dependentes de importação.

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