Em sua primeira semana na Casa Branca, Donald Trump tem sido o principal gatilho para os mercados. Na abertura, os principais índices de ações de Nova York pareciam dar uma trégua do rali dos últimos dias, enquanto o dólar e os rendimentos dos treasuries se recuperavam, mas os ativos de risco ganharam fôlego após o discurso do presidente no Fórum Econômico Mundial de Davos.
No evento, Trump disse que irá exigir que o Federal Reserve (Fed) reduza as taxas de juros “imediatamente”, porque, segundo ele, isso contribuiu para aumentar o déficit público americano. O presidente também afirmou que espera que a autoridade monetária lhe ouça e que considera falar com Jerome Powell sobre o assunto. Isso sugere que ele está disposto a pressionar o banco central americano, que deve tomar decisões de forma independente da Casa Branca.
Isso impulsionou as bolsas em Nova York, que fecharam perto de máximas históricas nesta quinta-feira. O Nasdaq e o S&P 500, que abriram no negativo, inverteram o sinal e engataram em uma alta ao longo do dia. No fechamento, o Dow Jones subiu 0,92%, aos 44.565,07 pontos, o S&P 500 avançou 0,53%, aos 6.118,71 pontos, e o Nasdaq teve alta de 0,22%, aos 20.053,678 pontos. O S&P 500 encerrou o dia em seu maior valor de fechamento da história, e todos os setores do índice ficaram no positivo.
Durante o discurso, o dólar tambem inverteu o sinal e passou a cair, bem como os rendimentos dos títulos do Tesouro com vencimento em dois anos. Há pouco, por volta das 18h55 (de Brasília), o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de outras seis moedas fortes, tinha queda de 0,03%, aos 108,14 pontos. No mesmo horário, os rendimentos dos títulos do Tesouro com vencimento em 2 anos recuavam a 4,300%, de 4,302% no fechamento anterior, e os rendimentos dos títulos com vencimento em 10 anos subiam para 4,649%, ante 4,616% na última sessão.
De manhã, saíram os dados semanais de pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos na semana encerrada em 17 de janeiro. Ao todo, foram 223 mil pedidos, representando um avanço sobre a leitura anterior, de 217 mil, e ficando levemente acima do consenso de 221 mil dos analistas consultados pelo The Wall Street Journal.
Apesar dos ativos pouco terem reagido, a Pantheon Macroeconomics projeta, em relatório, que os pedidos iniciais irão aumentar para cerca de 250 mil até o final do primeiro trimestre, o que levaria o Federal Reserve (Fed) a continuar flexibilizando a política monetária dos EUA.
Na semana que vem, investidores acompanham mais uma decisão do Fed, mas é amplamente esperado que o banco central americano irá manter as taxas de juros inalteradas e não trazer nenhuma surpresa. “Os investidores estão mais focados nas mudanças de políticas de Trump e no impacto econômico, em vez do Fed neste momento”, diz o Bank of America, em relatório assinados por analistas Mark Cabana, Aditya Bhave e Alex Cohen.
*VALOR ECONÔMICO / Brasil