Empresas & Negócios

Brent perto dos 80 dólares com tensão geopolítica. Vaga de fusões anima bolsas europeias

Ricardo Jesus Silva

, Diogo Mendo Fernandes

8 Outubro, 2024 - 00:21

Ricardo Jesus Silva

Diogo Mendo Fernandes

8 Outubro, 2024 - 00:21

Os principais índices europeus encerraram a primeira sessão da semana em alta, com as notícias de fusões e aquisições a animarem os investidores, juntamente com sinais de que o Banco Central Europeu se estará a preparar para novos cortes das taxas de juro

O índice de referência europeu, Stoxx 600, ganhou 0,18% para 519,48 pontos, com os setores da banca e do petróleo e gás a liderarem os ganhos. Pela negativa, o setor imobiliário caiu mais de 1%.

A impulsionar a banca esteve o Commerzbank que subiu 2%, depois de ter durante a sessão chegado a negociar em máximos de agosto de 2011, isto após o banco alemão ter revelado que acelerou o seu planeamento estratégico por forma a preparar-se para uma possível aquisição pelo UniCredit.

A exceção à regra no bloco europeu foi o índice alemão DAX, que recuou 0,09%, depois de terem sido conhecidos dados que mostraram uma queda significativa das encomendas em agosto, marcando outro revés para a economia germânica.

Entre os principais movimentos de mercado, a Orsted pulou 6%, depois de a Equinor ter anunciado que adquiriu uma participação minoritária de 9,8% na energética dinamarquesa. Já a Richemont – dona de marcas como a Cartier e a Net-a-Porter – subiu 2,03%, após ter anunciado a venda da Net-a-Porter à Mytheresa. Também marcada por uma potencial aquisição estiveram as ações da Heidelberg Materials que ganharam mais de 1%, depois de ter sido noticiado que o Adani Group está em conversações com via à compra da empresa.

Ainda a centrar atenções estiveram declarações de dois membros do Banco Central Europeu, François Villeroy de Galhau e Martins Kazaks. O governador do Banco de França afirmou que o BCE vai “muito provavelmente” cortar juros este mês, enquanto o governador do Banco da Letónia disse que estaria “confortável ao esperar cortes de juros continuados da mesma magnitude”.

O foco vira-se agora para o início da época de resultados que vai oferecer novas pistas relativamente à saúde das empresas e da economia. E com as expectativas em baixa “há uma forte probabilidade de que haja surpresas positivas”, acredita Marija Veitmane, estratega da State Street Global Markets, em declarações à Bloomberg.

Entre os principais índices da Europa Ocidental, o francês CAC-40 valorizou 0,46%, o italiano FTSEMIB ganhou 0,66%, o britânico FTSE 100 subiu 0,28% e o espanhol IBEX 35 somou 0,5%. Em Amesterdão, o AEX registou um acréscimo de 0,11%.

Juros da Zona Euro agravam-se

Os juros das dívidas soberanas do bloco europeu agravaram-se esta segunda-feira, numa altura em que os investidores continuam a avaliar dados do emprego nos Estados Unidos, que foram mais robustos do que o esperado.

A “yield” da dívida portuguesa, com maturidade a dez anos, somaram 4,3 pontos base para 2,762%, enquanto a rendibilidade da dívida espanhola subiu 5,6 pontos base para 3,016%. A “yield” das obrigações soberanas italianas avançou 6,4 pontos para 3,570%.

Por sua vez, a “yield” da dívida alemã a dez anos, de referência para a região, agravou-se 4,5 pontos base, para 2,253%, estando a seguir esta tendência há quatro sessões consecutivas. Já a rendibilidade da dívida francesa com a mesma maturidade somou 3,8 pontos base, para 3,022%.

Fora do bloco europeu, os juros das “gilts” britânicas, também a dez anos, somaram 7,9 pontos base para 4,207%.

Brent perto dos 80 dólares com risco de alastrar do conflito no Médio Oriente

Os preços do petróleo seguem a valorizar mais de 1%, com o Brent a aproximar-se dos 80 dólares por barril, depois de na semana passada este “benchmark” ter registado a maior subida desde 2023. Os receios de um alastrar do conflito no Médio Oriente e possíveis disrupções no fornecimento continuam a estar na mente dos investidores.

O West Texas Intermediate (WTI) – de referência para os EUA – sobe 1,86% para os 75,76 dólares por barril. Já o Brent – de referência para o continente europeu – segue a valorizar 1,74% para os 79,41 dólares por barril.

Na semana passada, os preços foram impulsionados pela possibilidade de uma retaliação israelita ter como alvo as infraestruturas de produção energética do Irão, mas esse cenário está a perder força, depois de ter sido desaconselhado pelo presidente dos EUA, Joe Biden.

“Consideramos que um ataque direto às instalações petrolíferas iranianas é a resposta menos provável de entre as opções de Israel”, referem os analistas da ANZ numa nota vista pela Reuters, salientando a capacidade de reserva de sete milhões de barris por dia do grupo de produtores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

No entanto, esse cenário continua presente: “O Brent voltou a desafiar os 80 dólares, com a atividade no mercado de opções a mostrar um aumento da procura por cobertura do risco de novos ganhos, no meio de preocupações com uma pequena ou, no pior dos casos, grande interrupção da oferta no Médio Oriente”, acrescentou à Reuters Ole Hansen, estratega-chefe do Saxo Bank.

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