Nos últimos dez anos, resistiu a todos os cenários imprevisíveis, tendo, inclusive, sobrevivido ao embate da crise económico-financeira que eclodiu em 2010 e ao endurecimento do regime cleptocrata do MPLA e do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que, em 2017, repassou a sua ‘característica genética’ para o Governo de João Lourenço
Dono de um vasto património em Angola e no estrangeiro, Emanuel Jorge Alves Madaleno desfez-se das participações societárias que detinha no Banco Valor, vendendo-o, de seguida, ao seu irmão, Álvaro Madaleno Sobrinho, ex-presidente executivo do extinto Banco Espírito Santo Angola (BESA), actual Banco Económico.
Em períodos em que as liberdades fundamentais estavam sob grave ameaça, com os sucessivos governos do MPLA a tentar controlar as liberdades de imprensa, de expressão e o direito de fazer oposição, Emanuel Madaleno manteve as duas publicações intactas e incomodas ao poder político.
Nem mesmo a sua condição de militante do MPLA, o partido do Governo, lhe ‘sensibilizou’ a travar o mais sensível dos dossiers trazidos à tona pelo Novo Jornal, dando conta de um “plano horrendo”, engendrado pela direção do Movimento Popular de Libertação de Angola, que visava “vigiar e combater até à exaustão” Adalberto Costa Júnior, o líder da UNITA, principal partido na oposição.
Madaleno tem feito “tripa o coração”, seja pela pressão política ou, então, pelos prejuízos económicos, resultante da aposta neste seguimento pouco lucrativo, contrariamente à generalidade dos empresários e dirigentes angolanos que prefere investir em países com uma democracia já consolidada, sobretudo em Portugal.
Em rigor, não se pode dizer que o empresário não interfere junto das redações do Novo Jornal e do Expansão ou mesmo que os jornalistas das duas publicações não tenham receio de abordar determinados temas. Porém, pelo mal e pelo bem, na última década os dois jornais foram, sem dúvidas, os órgãos de comunicação social que cumpriram com o papel destinado à imprensa num Estado Democrático de Direito.