A sua projecção internacional deu-se com a publicação de um artigo de opinião, intitulado “O Batôn da Ditadura”. Decorria o ano de 2000.
Autor do livro «Diamantes de Sangue- Corrupção e Tortura em Angola» tornou-se, igualmente, conhecido pelos seus relatos sobre violações dos direitos humanos nas áreas diamantíferas das Lundas e por ter exposto os esquemas de corrupção que envolveram as mais altas esferas do poder político e militar em Angola.
Por conta disto, o jornalista e activista foi encarcerado, perseguido e ostracizado pelo regime do MPLA, mas granjeou respeito e admiração internacional. Internamente, para muitos, era um Herói Nacional.
Entretanto, nos últimos cinco anos, a sua credibilidade foi profundamente abalada devido a um alegado “pacto de silêncio” com o sucessor de José Eduardo dos Santos, o general João Manuel Gonçalves Lourenço.
Com a criação da sua associação sem fins lucrativos, a UFOLO (Liberdade, em Kimbundo – uma das línguas nacionais no país), antecedida de uma condecoração pelo seu envolvimento no combate à corrupção em Angola, medalha de mérito atribuída pelo Presidente Lourenço, Rafael Marques passou a ter acesso às portas do Palácio da Cidade Alta, o que lhe permitiu gozar da protecção das autoridades governamentais, tendo, inclusive, acesso a locais vedados a deputados afectos aos partidos na oposição (UNITA, CASA-CE e PRS) e a várias organizações da sociedade civil (Associação Justiça, Paz e Democracia -AJPD-, Observatório para Coesão Social e Justiça, MOSAIKO e a OMUNGA), aquando do “massacre” na Lunda Norte, em finais de Janeiro de 2021 ou, ainda, a visitas a estabelecimentos prisionais.
Apesar deste período sombrio que pôs em xeque-mate a sua reputação, não há dúvidas de que Rafael Marques foi uma figura marcante na última década, sobretudo num contexto em que se contavam aos dedos de uma única palma da mão os jornalistas que, naquelas circunstâncias, ousavam afrontar o poder do MPLA e da sua elite política e militar.