O Índice dos Mercados Financeiros Africanos 2023, elaborado pela Africa Financial Markets Index (AFMI, na sigla inglesa), indica que o sector bancário angolano concentra o valor mais alto de crédito malparado entre os melhores mercados financeiros dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
Na lista dos 28 mercados analisados por aquela entidade, Praia, Luanda e Maputo são as únicas capitais africanas de língua portuguesa cujo desenvolvimento se revelou digno de figurar na lista dos melhores mercados financeiros do continente.
Embora tenha o valor mais alto de crédito malparado, Angola, que se posiciona no 20.º lugar, três pontos abaixo do ranking de 2022, é colocada acima de Moçambique por conta da melhoria registada no quadro da inflação, que caiu de 23,0% em 2021 para 11,3% em 2022.
O outro aspecto que eleva Angola para o segundo lugar desta lista entre os PALOP é o acesso dos cidadãos aos serviços financeiros, dado que o País introduziu o sistema de conta bankita, que consiste em depósito à ordem com requisitos mínimos de abertura por apenas 100 kwanzas, oito vezes abaixo de um dólar, de acordo com a taxa do Banco Nacional de Angola praticada pelo menos até 18 de Outubro deste ano.
A trajectória da queda da dívida externa angolana, que saiu de 68,9% do Produto Interno Bruto de 2021 para 44,2% em 2022, também é apontada pelo estudo do AFMI como causa do resultado.
Praia na sétima posição no acesso ao mercado cambial africano
Num processo inédito, Cabo Verde, que se estreou neste ranking, acabou por liderar o grupo dos PALOP, aparecendo na 20.ª posição da lista geral africana. Dos seis pilares sob avaliação em cada país, o arquipélago conquistou os seus melhores resultados no acesso ao mercado cambial (sétimo melhor entre os 28) e na capacidade dos investidores locais (décimo lugar).
O relatório destaca ainda as primeiras Obrigações Azuis de Cabo Verde pelo International Investment Bank, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), por via da plataforma de promoção de finanças sustentáveis Blu-X.
Baixa de fluxo de capital e inflação empurram Maputo para baixo…
O AFMI manifestou preocupações com a inflação de Moçambique e de outros países africanos, como o Uganda e a Costa do Marfim, sublinhando que, enquanto noutras geografias houve registo de queda, em Moçambique houve aumento.
Além disso, os técnicos do AFMI registaram também haver “barreiras significativas aos fluxos de capital”, que colocam aquele país do Índico com “pontuações mais baixas”.
Leia o artigo na íntegra na edição n.º 2 da revista O Telegrama, de 1 de Novembro de 2023, em papel.