Finanças & Wall Street

Banco Comercial do Huambo em apuros devido a declínios nas contas

Antunes Zongo

16 Maio, 2024 - 14:00

Antunes Zongo

16 Maio, 2024 - 14:00

Pelo terceiro ano consecutivo, o banco presidido por Cristina Lavrador fez corte na distribuição dos dividendos aos accionistas, para ter mais capital e contornar os prejuízos inesperados, causados por declínios em suas contas. A calculadora indica uma perda de 45% no lucro, emagrecimento em 12,54% na riqueza do banco e “uma drástica queda nas aplicações em bancos centrais e em outras instituições de crédito”

O Banco Comercial do Huambo (BCH) voltou a não distribuir dividendos aos seus accionistas, durante o exercício económico 2023.

A entidade bancária, em cuja estrutura societária estão os banqueiros Natalino Lavrador (51,50%), António Mosquito (20%), Valdimiro Minouro Dondo (10%) e Sebastião Lavrador (5,50%), vem acumulando perdas anuais em termos de resultados líquidos, o que justifica a contínua não distribuição de dividendos aos accionistas pelo terceiro ano consecutivo.

A explicação contida no seu Relatório e Contas é a de que o quadro financeiro actual do banco requer uma “gestão prudente e responsável”, tendo em conta o limite financeiro que se verifica em suas contas.

Esse limite financeiro a que o banco se refere em seu relatório pode ser compreendido, em parte, pela redução financeira em várias rubricas, como o seu activo total que declinou em 12,54%, para o 57,7 mil milhões de kwanzas, o equivalente a 69,2 milhões de dólares da moeda americana. A entidade bancária, em cuja presidência da comissão está Cristina Lavrador, refere, no seu relatório, que tal resultou de “uma drástica queda nas aplicações em bancos centrais e em outras instituições de crédito”.

A margem financeira registou um “decréscimo de cerca de 28%”, representando um recuo de “quase 2 mil milhões de kwanzas”. O mesmo é registado na rubrica depósitos de clientes, cujo fluxo de depósitos diminuiu consideravelmente em 49,16%, representando uma “variação negativa de 11,7 mil milhões de kwanzas”.

No seu próprio Relatório e Contas 2023, o banco conclui que o declínio nos depósitos resultou da “migração de clientes com elevados depósitos para outros bancos, pela dificuldade que o BCH tem em aceder a divisas”.

Associado a toda essa nebulosidade financeira, os resultados líquidos apresentam um histórico de volatilidade, entre ascensão e queda, sendo 2023 o pior exercício financeiro para o banco nos últimos cinco anos em termos de lucros.

O ano económico de 2019 foi o mais lucrativo para o BCH, período em que a entidade obteve resultados líquidos na ordem dos 7,1 mil milhões de kwanzas. Em 2020 houve uma redução para 6,2 mil milhões, tendo no seguido aumentado para 6.355 milhões.

Em 2022, os lucros voltaram a subir em 0,1 para 6.365 milhões, tendo recuado 45% em 2023 para 3.486 milhões de kwanzas.

Em face dos resultados que a calculadora apresenta, os gestores do banco não vêem alternativa senão o de investir os recursos disponíveis em mais áreas ao invés de distribuir dividendos.

“(…) É nossa intenção manter sempre uma política coerente e uma gestão prudente e responsável, em linha com o que se tem verificado em anos anteriores, não se perspectivando, para já, nesta fase, a distribuição de dividendos aos accionistas”, lê-se no relatório e contas de 2023 do banco administrado por Natalino Bastos Lavrador (accionista maioritário), presidente do Conselho de Administração; e Cristina Azevedo Neto Lavrador, presidente da Comissão Executiva.

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