As demonstrações financeiras apresentadas pelos 22 bancos comerciais do sistema angolano contabilizam um crescimento do rácio de transformação financeira na ordem de 1,8 pontos percentuais, passando de 26,3% em 2022 para 28,2% em 2023. A conclusão é da consultora Deloitte, que apresentou os dados na 18.ª edição do seu tradicional relatório Banca em Análise.
Foram cinco bancos que apresentaram o maior rácio de transformação. O Banco da China, presidido por Yang Haiyong, lidera este ranking com um rácio de transformação de 165%, apesar de estes números estarem abaixo do registado em 2022 (203%). A sucursal chinesa captou um aumento nos depósitos de 14%, saindo de 7,3 mil milhões para 8,3 mil milhões de kwanzas, e reduziu o crédito em 8%, saindo de 14,9 mil milhões para 13,7 mil milhões de kwanzas.
Na segunda posição está o Banco BIC, com um rácio de 53%. A equipa de Hugo Miguel da Silva Teles concedeu créditos no valor de 762 mil milhões de kwanzas em 2023, mais 26% em relação a 2022.
O Standard Bank Angola, presidido por Luís Teles, que ocupava a quinta posição em 2022, passou para a terceira posição do ranking, fruto do aumento do crédito, saindo de 417 mil milhões para 518 mil milhões de kwanzas.
O Caixa Geral Angola, em cuja presidência executiva está João Manuel de Castro Plácido Pires, também registou um aumento significativo do seu rácio de transformação, saindo do 8.º lugar do ranking para a 4.ª posição, fruto, principalmente, do crescimento significativo do crédito concedido a clientes na ordem de 110%, que cresceu numa percentagem superior dos depósitos captados em 37%.
A completar o top 5 está o banco de Mário Palhares, o Banco de Negócios Internacional (BNI), que apresenta um rácio de 38%. Em 2023, concedeu crédito na ordem de 128 mil milhões contra 113 mil milhões de kwanzas em 2022. Quanto aos depósitos, o BNI captou 334 mil milhões contra 254 mil milhões de kwanzas em 2022, um aumento de 32%.

Crédito bruto
No documento, a calculadora dos consultores da Deloitte indica que o total de crédito líquido concedido pelo sector bancário no exercício económico de 2023 cresceu 40%, saindo de 3,5 biliões de kwanzas, equivalente a 7,03 mil milhões USD ao câmbio do último mês, em 2022, para 4,9 biliões de kwanzas, equivalente a 5,9 mil milhões USD ao câmbio do último mês, em 2023.
Um resultado impulsionado pela forte desvalorização da moeda nacional, o Kwanza, face ao dólar norte-americano e ao euro, a moeda oficial da União Europeia.
Foi ainda analisado o volume dos depósitos captados pelos bancos comerciais, onde inclui o deposito à ordem e a prazo, com os números a somarem 17,6 biliões de kwanzas (21 mil milhões de dólares) face os 13,4 biliões de kwanzas (26 mil milhões de dólares) em 2022, o que notabiliza um crescimento de 31%.
Rácio de transformação ajustado
Para complementar a análise, foi, igualmente, apresentado o rácio de transformação ajustado que inclui a dívida pública.
Neste segmento, o rácio de transformação ajustado do sector subiu ligeiramente de 67% para 70%. Dos 20 bancos que tiveram os dados disponíveis, excepto o Banco VTB, Banco Económico (BE) e o Banco de Desenvolvimento Angola (BDA), o Banco Comercial do Huambo (BCH) lidera o ranking do rácio de transformação ajustado (que considera o impacto da componente de dívida pública), tendo relegado os chineses do Banco da China para a 2.ª posição.
O Banco Comercial Angolano (BCA) completa o pódio dos três bancos que tiveram maior performance no rácio de transformação ajustado.