Finanças & Wall Street

Deloitte antecipa tempos difíceis na banca angolana

Adnardo Barros

21 Junho, 2024 - 17:34

Adnardo Barros

21 Junho, 2024 - 17:34

José Barata, número 1 da consultora, desenha um cenário desafiante, destacando a redução acentuada das receitas provenientes de operações com o estrangeiro, menores retornos de investimentos em títulos de dívida pública e perdas na carteira de crédito da banca nacional

Os bancos angolanos devem enfrentar tempos de dieta com queda no crédito e redução acentuada das receitas provenientes de operações com o exterior. A difícil combinação destes factores, que terá como forte consequência menores retornos de investimentos em títulos de dívida pública e perdas na carteira de crédito, obriga, inevitavelmente, a que as entidades bancárias possam requerer uma adaptação dos modelos de negócio e suas estratégias.

Um cenário que aumenta os riscos para o sistema financeiro angolano, que deve enfrentar episódios de despedimentos incalculáveis com encerramento de agências bancarias e a restruturação de alguns bancos sistémicos.

Em 2023, por exemplo, o processo de reorganização de rede comercial e digitalização dos serviços financeiros contribuíram para uma redução de 2% dos números de balcões físicos.

Num estudo apresentado pela Deloitte, no seu tradicional relatório Banca em Analise, indica que o número de balcões físicos saiu de 1.461 (2022) para 1.426 (2023). Uma diminuição que decorre essencialmente das medidas de contenção de custos e reestruturação de três entidades bancárias, nomeadamente o Banco Económico (BE), do Banco Comércio e Indústria (BCI) e do Banco de Poupança e Crédito (BPC), embora esta redução tenha sido atenuada pelo alargamento da rede de balcões de alguns bancos não sistémicos.

O presidente da Deloitte salientou que esta tendência de redução de número de balcões poderá aumentar nos próximos anos, cenário que poderá ser acolmatado com o surgimento de novos agentes bancários, que, por exemplo, só no ano passado, passou de 366 agentes para 665.

“A operação física está mais onerosa e os correspondentes bancários têm vindo a ganhar mais peso”, disse José Barata.

A posição foi partilhada pelo vice-governador do BNA, Pedro de Castro e Silva que, na ocasião, referiu que “uma boa parte dos serviços financeiros não está a ser feito pelos balcões, mas por via de contas de pagamentos que estão a ser abertas nas instituições de pagamentos móveis, através das empresas de telecomunicações que estão no sistema financeiro que possuem a licença”.

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