O Presidente do Conselho de Administração da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), Pedro Frederico Cossa, destacou as fragilidades que ainda limitam o avanço da integração financeira regional e, por consequência, a capacidade de África mobilizar os recursos necessários ao seu desenvolvimento sustentável.
Os dados apresentados pelo economista indicam que o continente africano necessita mobilizar cerca de US$ 194 mil milhões por ano até 2030 para financiar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Contudo, o mercado de capitais africano permanece fragmentado, com liquidez concentrada e uma reduzida capacidade de atrair capital de longo prazo.
Um dos pontos centrais da sua análise foi a forte concentração da liquidez na Bolsa de Joanesburgo (JSE), que representa 90% da capitalização bolsista da região, com cerca de US$ 21,4 mil milhões, contrastando com apenas US$ 2,5 mil milhões distribuídos entre as restantes bolsas africanas. Disparidade que demonstra a assimetria estrutural entre os mercados e reforça a necessidade de políticas coordenadas de integração e fortalecimento institucional.
Entre as fraquezas comuns identificadas, o gestor moçambicano apontou a baixa liquidez, o número reduzido de empresas cotadas e a pouca participação de fundos de pensão e companhias seguradoras nos mercados de capitais da região.
O PCA da BVM fez, ainda, retrato detalhado da evolução e maturidade do mercado de capitais moçambicano, destacando o papel crescente da bolsa moçambicana como instrumento de financiamento da economia e de integração financeira regional.
Até 30 de Setembro de 2025, a BVM atingiu uma capitalização bolsista de US$ 3,15 mil milhões, o que corresponde a 28,24% do Produto Interno Bruto (PIB) de Moçambique. Trata-se de um marco importante, que traduz a consolidação do mercado e o aumento da confiança dos investidores institucionais e individuais.
Até ao final do terceiro trimestre, foram transacionados US$ 357 milhões na Bolsa de Valores de Moçambique, representando um turnover de 11,41% da capitalização bolsista. O número de títulos cotados atingiu 81, distribuídos entre 48 Obrigações do Tesouro, 19 Obrigações Corporativas, 13 Acções e 1 Papel Comercial, representando uma crescente diversificação dos instrumentos financeiros disponíveis.
O financiamento à economia totalizou US$ 5,73 mil milhões, dos quais US$ 4,82 mil milhões foram direccionados ao Estado e US$ 918,65 milhões ao sector empresarial.
Desde o início das suas operações, em 1999, a BVM já listou 337 títulos, consolidando-se como uma das instituições financeiras mais relevantes do país. Paralelamente, a Central de Valores Mobiliários (CVM), criada em 2014, contabiliza 345 títulos registados e mais de 27 mil investidores.