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Cerca de dois milhões de pessoas assistiram à missa do Papa em Kinshasa

01-02-2023 10:57

António Rodrigues

Jornalista Público

01-02-2023 10:57

António Rodrigues

Jornalista Público

Na República Democrática do Congo, quase 2% da população juntou-se no aeroporto da capital para assistir à missa africana de Francisco, onde o pontífice pediu o fim “ciclo de violência”

No seu segundo dia de visita à República Democrática do Congo, além de dar uma missa campal para quase dois milhões de pessoas, que se juntaram no aeroporto N’dolo, de Kinshasa, a capital, para ouvir pedir o fim do “ciclo de violência” no país, o Papa Francisco escutou relatos de atrocidades que o levaram ao grito de indignação: “Já chega!”

“Chega! Parem de enriquecer à custa dos pobres, parem de enriquecer com recursos e dinheiro manchado de sangue”, exclamou emocionado o Papa que antes rezara missa segundo os rituais zairenses (Missal Romano para a Diocese do Zaire, aprovado pela Congregação para o Culto Divino em 1988) para mais de um milhão de pessoas, mais ou menos 1% da população do país, onde quase 50% é católico – a maior comunidade dessa fé.

Na eucaristia, Francisco pedira aos intervenientes no conflito armado no Leste do país que deponham as armas e aos cristãos congoleses que ajudem “a romper o ciclo da violência, a desmantelar as tramas do ódio em África”.

Depois da missa, na Nunciatura Apostólica, em Kinshasa, ouviu de viva voz relatos da tragédia em que a República Democrática do Congo está mergulhada, entre violações, amputações, escravatura sexual, canibalismo forçado, etc., etc., um rol de testemunhos que fizeram Francisco falar de forma sentida o seu “chega!”, não só para consumo interno, também para quem de fora lucra com a violência dos outros.

“Uma guerra desencadeada pela ganância insaciável por matérias-primas e dinheiro que alimenta uma economia armada que necessita da instabilidade e da corrupção” para medrar. E assim se “polarizam lutas onde as dinâmicas de grupo, territoriais e étnicas se interligam”. E com isso, temos 5,7 milhões de deslocados e 26 milhões em risco de fome aguda nos próximos meses, de acordo com as Nações Unidas.

O Papa falou em lágrimas partilhadas, em dor partilhada com “todas as famílias que sofrem ou são deslocadas por causa das aldeias incendiadas ou outros crimes, com os sobreviventes da violência sexual e com cada uma das crianças e cada um dos adultos feridos”.

Aos fiéis que acorreram ao aeroporto N’dolo, Francisco disse-lhes: “Que seja este o momento oportuno para ti, que neste país te dizes cristão, mas que cometes actos de violência; a ti, o Senhor te diz: ‘Deixa as armas, abraça a misericórdia’”.

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