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Chairman do Credit Suisse pede desculpa por não ter conseguido salvar o banco

04-04-2023 2:58

Cláudia Arsénio

Jornal de Negócios

04-04-2023 2:58

Cláudia Arsénio

Jornal de Negócios

"Lamento imenso", disse Axel Lehmann esta terça-feira, em assembleia geral de acionistas do banco suíço. Fora das instalações, manifestantes e acionistas protestam contra o destino do banco centenário

O presidente do conselho de administração do Credit Suisse dirigiu-se aos acionistas com um tom emocionado: “Lamento imenso. É um dia triste para vocês e para nós também. Compreendo a amargura, a raiva e o choque de todos os que estão desapontados, oprimidos e afetados pelos acontecimentos”.

Na assembleia geral de acionistas, esta terça-feira em Zurique, Axel Lehmann disse que ficou sem tempo para conseguir dar a volta à situação, apesar de acreditar até ao fim que o banco iria resistir.

“Queríamos por toda a nossa energia e esforços para reverter a situação. É com mágoa que afirmo que não tivemos tempo para o fazer e que, naquela fatídica semana de março, os nossos planos foram arruinados. Por isso, lamento tanto”, declarou Lehmann.

Se se tivesse optado por uma reestruturação de acordo com as leis bancárias suíças, “teria ocorrido o pior cenário, com a perda total para os acionistas, riscos imprevisíveis para os clientes e graves consequências para a economia e para os mercados financeiros globais”, afirmou. Sem a fusão, sublinhou, seria a falência.

A reunião magna, a primeira presencial em quatro anos (devido à pandemia), decorre num estádio de hóquei com capacidade para 15 mil pessoas, na parte norte da cidade de Zurique. Fora das instalações, decorre uma manifestação de acionistas e cidadãos suíços que protestam contra o fim do banco centenário. Desde cedo, a polícia está também no local para evitar confrontos.

As ações do banco seguem a valorizar 1,42% para 0,81 francos suíços esta terça-feira.

Banco central da Suíça diz que, sem a fusão, seria a bancarrota

Antes da fusão, o Credit Suisse tinha planeada uma reestruturação que incluía o despedimento de nove mil funcionários. A compra do banco pelo UBS, que será feita por aproximadamente 3 mil milhões de euros, deverá levar a um corte que pode atingir quase um terço dos trabalhadores do novo gigante bancário que resultar da fusão, ou seja, 11 mil trabalhadores só na Suíça. O acordo para a compra do Credit Suisse foi alcançado depois da intervenção do governo suíço, do banco central e do regulador do mercado do país, para evitar o descalabro no seu sistema financeiro e problemas maiores a nível global.

Numa entrevista à rádio suíça SRF, o vice presidente do banco central (SNB) afirmou que sem essa intervenção, “é muito provável que uma crise financeira na Suíça e mundial tivesse ocorrido”. Sem a fusão, sublinhou Martin Schlegel, o Credit Suisse “tinha caído em falência, em bancarrota”.

Para Schlegel, a fusão “é um mal menor, a melhor das más soluções”. Anteriormente, também a ministra suíça das Finanças, Karin Keller-Sutter, tinha afirmado que o Credit Suisse não teria sobrevivido nem mais um dia sem a fusão com o UBS.

O vice presidente do banco central referiu ainda nesta entrevista que as preocupações com a estabilidade financeira não vão impedir a subida de taxas de juro. O SNB subiu 50 pontos base em março. “Vamos fazer o possível para controlar a inflação. E não vemos sinais que ameacem a estabilidade financeira do país. Mas, se necessário, subiremos as taxas de juro de novo”, sublinhou Schlegel.

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