O Pentágono admitiu esta segunda-feira que a fuga de alegados documentos secretos, que inclui relatórios sobre a situação na Ucrânia e na Rússia mas também dados sobre os aliados, representa “um risco muito sério à segurança nacional” dos EUA e tem “o potencial para espalhar desinformação”. Dezenas de fotografias de documentos estão a circular nas redes sociais, tendo a situação vindo a público na passada sexta-feira devido a um artigo do The New York Times. A fuga de informação está a ser investigada pelo Departamento de Justiça, mas o Pentágono não confirma a autenticidade dos documentos.
Em Kiev, os responsáveis falam de uma possível campanha de desinformação por parte de Moscovo, mas na capital russa os bloggers de guerra suspeitam que pode ser uma conspiração ocidental para enganar as forças russas antes da esperada ofensiva ucraniana.
“As fotografias aparentam mostrar documentos semelhantes em formato aos usados para providenciar atualizações diárias aos nossos líderes sobre a Ucrânia e operações relacionadas com a Rússia”, disse o assistente do secretário da Defesa para os Assuntos Públicos, Chris Meagher, acrescentando contudo que alguns “parecem ter sido alterados”. Uma dessas alterações terá sido feita num documento que mostra que a Ucrânia sofreu mais baixas do que a Rússia, quando a versão original alegadamente mostra o contrário.
Independentemente destas eventuais alterações, a maior parte dos documentos parece ser verdadeira, pelo menos a avaliar pela resposta e pela preocupação das autoridades norte-americanas. Em causa está uma fuga de informação (são fotos dos documentos que foram dobrados) e não um caso de pirataria informática, não sendo ainda claro como o material foi parar às várias redes sociais ou serviços de mensagem – Twitter, Telegram, 4chan, Discord. Alguns, segundo o The New York Times, têm indicado que são só para os EUA verem, o que faz aumentar a suspeita de que a fuga é interna.
Qual é o impacto que a fuga de informações terá na guerra? Por enquanto os documentos analisados não têm informação sobre operações concretas da esperada contraofensiva ucraniana, mas mostram a forma como os norte-americanos têm ajudado Kiev e como os aliados estão a preparar a continuação desse apoio. O facto de os russos agora saberem (se confiarem na informação) até que ponto os seus serviços militares podem estar comprometidos – aparentemente os EUA sabiam quase diariamente os ataques planeados – pode levá-los a mudar de tática.
Além disso, os documentos mostram alegadamente que as forças ucranianas estão em pior estado do que aquilo que era público, nomeadamente que o sistema de defesa aéreo poderá estar à beira do colapso se não entrarem mais munições na Ucrânia. Um dos documentos mostra a pressão que os responsáveis da Coreia do Sul estão a sofrer dos aliados EUA para fornecer armas aos ucranianos, sendo que a política oficial é não fornecer armas ofensivas a países em guerra. Israel também está com o mesmo problema.
