Opinião

04-02-2023 11:29

04-02-2023 11:29

Ana Raimundo

DN

O Dia Mundial do Cancro assinala-se anualmente a 4 de fevereiro, sendo uma data importante para sensibilizar para a prevenção e informar sobre as novidades na área do diagnóstico e tratamento do cancro que cada vez trazem mais eficácia. São boas notícias.
É uma das doenças com maior incidência e mortalidade na população europeia, motivo pelo qual a Comissão Europeia lançou o Plano Europeu de Luta contra o Cancro, com um grande investimento financeiro e de recursos humanos, com base em quatro pilares: prevenção, diagnóstico precoce, tratamento e cuidados continuados. Dado este contexto, assim como a evolução na medicina de precisão a que se tem assistido nos últimos anos, há razões para ter esperança na luta contra esta doença.

A inovação farmacológica e o desenvolvimento de novas terapias mais específicas e dirigidas a alvos determinados em cada cancro, permitiram a administração de fármacos mais eficazes com impacto positivo na sobrevivência global e na qualidade de vida dos doentes. Com a evolução do conhecimento da biologia do cancro, hoje sabemos que é uma doença do genoma (dos genes), causado por alterações nas células de cada doente, sendo os fármacos mais recentes, dirigidos a essas alterações — e, por isso, mais eficazes. A imunoterapia é um exemplo da evolução do tratamento em Oncologia.

Com este objetivo, na CUF Oncologia existe a possibilidade de fazer a determinação das alterações genómicas do tumor para avaliar as alterações genéticas nele presentes, que possam servir de alvo a novos tratamentos dirigidos a essas alterações em concreto. A realização destes testes de nova geração (Next Generation Sequencing ou NGS), conduziu à necessidade de discussão destes resultados em reuniões multidisciplinares, dada a complexidade dos dados moleculares fornecidos.

A introdução destes testes genéticos na prática clínica permite novas oportunidades de tratamento de precisão, assim como a participação em ensaios clínicos, sendo o futuro do tratamento dos tumores malignos. Estas reuniões multidisciplinares, chamadas Molecular Tumor Board, em que participam especialistas da CUF Oncologia, são fundamentais para a discussão de todos os casos em que é realizado o teste genómico, com estudo prévio.

Cada uma das alterações genéticas é aprofundada por profissionais ligados à Genética Clínica e Molecular. A sua aplicação destina-se a doentes para quem os tratamentos indicados segundo o estado da arte, deixaram de ser eficazes, no sentido de identificar através dos testes genéticos potenciais alvos para um tratamento mais dirigido, ou ensaio clínico.

A CUF Oncologia pretende, deste modo, ser uma das entidades de saúde pioneiras neste campo, tendo-se associado a outras entidades de saúde para as reuniões multidisciplinares de discussão, de modo a partilhar conhecimentos e oferecer aos seus doentes a possibilidade de obter os benefícios da Medicina de Precisão.

Os benefícios que retiramos desta abordagem ao doente e ao seu cancro, feita de forma cada vez mais multidisciplinar e precisa, contemplando os ganhos que a ciência e inovação nos vão dando, são parte do motivo pelo qual acredito que há boas notícias sobre o cancro.

Diretora Clínica da CUF Oncologia

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