Opinião

Este 10º aniversário coincide agora com um grande teste

Pedro Neto

CEO & Founding Partner da Eaglestone

24 Novembro, 2025 - 21:24

24 Novembro, 2025 - 21:24

Pedro Neto

CEO & Founding Partner da Eaglestone

Este mês de Novembro marca o 10.º aniversário da emissão do primeiro Eurobond de Angola, um marco que reflecte tanto a integração do País nos mercados internacionais de capitais como os desafios de gerir a dívida numa economia ainda bastante dependente do petróleo.

A 5 de Novembro de 2015, Angola emitiu o seu primeiro Eurobond, no valor de 1,5 mil milhões de dólares, a 10 anos e com uma taxa de juro de 9,5%. A emissão, quase seis vezes sobrescrita, ocorreu num momento difícil, em que a queda do preço do petróleo pressionava as finanças do país.

Nos anos seguintes, Angola consolidou a sua presença no mercado internacional de Eurobonds. Em 2018, o Governo Angolano emitiu 3 mil milhões de dólares em duas tranches: 1,75 mil milhões em títulos a 10 anos com um juro de 8,25% e 1,25 mil milhões em títulos a 30 anos com um juro de 9,375%. Esta operação permitiu reduzir custos de financiamento e demonstrou maior confiança dos investidores.

Já em 2022, Angola voltou aos mercados com uma emissão de 1,75 mil milhões de dólares em Eurobonds a 10 anos com taxa de 8,75%, acompanhada de operações de recompra de dívida mais cara, numa estratégia de gestão que alongou prazos e reduziu riscos de refinanciamento.

Este 10º aniversário coincide agora com um grande teste: a maturidade do Eurobond inaugural de Novembro de 2025, com um valor de cerca de 864 milhões de dólares. As agências de rating, nomeadamente a Standard & Poor´s , esperam que Angola proceda ao pagamento, apoiado em reservas internacionais e, eventualmente, numa nova emissão.

Apesar disso, persistem vulnerabilidades. A dívida pública situa-se próximo dos 60% do PIB, e a forte dependência do petróleo torna a economia sensível a choques externos. O FMI tem alertado para os riscos de um endividamento excessivo e recomenda disciplina orçamental para garantir a estabilidade das contas públicas.

Dez anos depois, o percurso dos Eurobonds de Angola mostra avanços importantes, mas também fragilidades. O país conseguiu reduzir custos, diversificar prazos e reforçar a transparência, mas o reembolso da emissão de 2015 será um teste crucial de credibilidade. A forma como Angola gerir este momento poderá definir a percepção dos investidores nos próximos anos.”

THIS 10TH ANNIVERSARY NOW COINCIDES WITH A MAJOR TEST

Pedro Neto | CEO & Founding Partner of Eaglestone

This November marks the 10th anniversary of Angola’s first Eurobond issuance, a milestone that reflects both the country’s integration into international capital markets and the challenges of managing debt in an economy still heavily dependent on oil.

On November 5, 2015, Angola issued its first Eurobond, worth $1.5 billion, with a 10-year maturity and an interest rate of 9.5%. The issuance, which was nearly six times oversubscribed, occurred during a difficult period when falling oil prices were putting pressure on the country’s finances.

In subsequent years, Angola consolidated its presence in the international Eurobond market. In 2018, the Angolan Government issued $3 billion in two tranches: $1.75 billion in 10-year bonds with an interest rate of 8.25% and $1.25 billion in 30-year bonds with an interest rate of 9.375%. This operation allowed the country to reduce financing costs and demonstrated greater investor confidence.

In 2022, Angola returned to the markets with a $1.75 billion issuance of 10-year Eurobonds at an 8.75% rate, accompanied by buyback operations of more expensive debt, as part of a management strategy that extended maturities and reduced refinancing risks.

This 10th anniversary now coincides with a major test: the maturity of the inaugural Eurobond in November 2025, with a value of approximately $864 million. Rating agencies, particularly Standard & Poor’s, expect Angola to proceed with payment, supported by international reserves and, potentially, a new issuance.

Despite this progress, vulnerabilities persist. Public debt remains close to 60% of GDP, and the strong dependence on oil makes the economy sensitive to external shocks. The IMF has warned about the risks of excessive debt and recommends fiscal discipline to ensure stability in public accounts.

Ten years later, Angola’s Eurobond journey shows important advances, but also fragilities. The country has managed to reduce costs, diversify maturities, and strengthen transparency, but the repayment of the 2015 issuance will be a crucial credibility test. How Angola manages this moment could define investor perception in the coming years.”

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