Opinião

Indira Santos

Marketeer e Artista Plástica

22-05-2023 10:00

22-05-2023 10:00

Indira Santos

Marketeer e Artista Plástica

Voltamos às histórias. E como elas nos influenciam diariamente. Tenho uma paixão não “correspondida” pelo Cinema, acho o universo cinematográfico a mais completa Arte de todas as sociedades. Durante o meu percurso académico tive algumas cadeiras de cinema e foi paixão à primeira vista. Uma só forma de juntar Drama, Conflito, Paixão, Romance, Tragédia, Comédia, Poesia, Música, Teatro, Moda, Fotografia… ficaremos aqui o dia todo! Não é verdade?

Em 2021 arrisquei-me a fazer a minha primeira curta metragem, com origem no meu conto poético “Catumbela das Conchas”, a mesma esteve na exposição colectiva “Não há Cura”, no Instituto de Camões, sob curadoria da artista angolana Keyezua. Mas ainda é uma paixão que precisa ser explorada e alimentada.

Qual o PITCH certo para contar uma boa história? Gosto muito como os mais velhos em Angola contam histórias, sem nenhum diploma em storytelling, conseguem criar uma narrativa que nos influenciam desde o início: “No meu tempo (um olhar de entusiasmo), nós os miúdos brincávamos na Mutamba descalços… havia, no nosso bairro, um miúdo (hum! – Suspense!) traquino, traquinoouuu!!!” Mas, todo o mundo gostava dele.

Como não amar um traquina? (Interrogava-se ironicamente) Ninguém sabia de onde vinha a traquinice, mas ele tinha um jeito só dele (sorria o mais velho). No meio da história usava os gestos e as expressões que nos levavam a Mutamba (crianças a brincar nos quintais, música nos prédios). Todos nós bem atentos a ouvi-lo. Esse miúdo era o (…), na verdade ele na escola tinha boas notas… mas, (hum!) era traquino! – Então mais velho, qual a traquinice dele afinal? Para quem lê esta crónica fora de Angola, o mais velho em Angola é o “cota”, soba grande, homem que merece respeito e consideração dos mais novos e que não faz parte do passado (ou não devia).

Este mais velho é real, é tão real que a história que ele contou-me, há 5 anos, sobre a sua vivência na Maianga, esta ser escrita n’O Telegrama hoje. Esta história não saiu da minha cabeça, foi uma experiência que guardo na minha memória tão cheia de emoções. Uma boa experiência, mas que levou-me a viajar para o tempo do cota, a viajar pela juventude de um homem que um dia teve a mesma vitalidade que tenho hoje, o mais velho Sebastião…

As crianças também são ótimas contadoras de histórias. Também têm imaginação bastante fértil. Se forem estimuladas desde cedo serão bastante criativos no futuro. Tudo começa na infância. Florbela Espanca, uma das grandes poetisas portuguesas, começou a escrever desde tenra idade; Pablo Picasso demonstrou interesse pelas artes na sua infância influenciado pelo pai; Oprah Winfrey já tinha o dom da comunicação e, se formos para o nosso mercado de talentos, Yola Semedo é um caso de talento nato.

Voltemos ao cinema, aconselho-vos a ver Guardiões da Galáxia, ou melhor, sugiro com persistência (amigável) que ouçam a banda sonora do filme, digna de um filme de Martin Goodman. O Guião tem todos os elementos criativos e de storytelling que apaixonam qualquer um. E para quem é amante de música o início dos anos 90 contagia-nos com a banda Spacehog – In The Meantime, Creep da banda Radiohead, Bruce Springsteen, “Badlands” e não faltaram os clássicos da época dourada dos anos 70 de Jazz, Soul e R&B, da banda norte americana Earth, Wind & Fire com Reasons. O filme foi pensado ao pormenor, uma narrativa com momentos certos de conflito, tensão, comédia, amor e drama. Um grupo de companheiros que tenta salvar o amigo da morte, os fantasmas que o atormentam, um amor não correspondido, uma obsessão pela perfeição das espécies e a criação de um mundo utópico (falhado) são algumas das pitadas do filme cheias de genialidade.

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