Opinião

Maria Luísa Abrantes

Consultora Internacional

05-12-2022 12:40

05-12-2022 12:40

Maria Luísa Abrantes

Consultora Internacional

A privatização parcial da Sonangol em 2023 em bolsa internacional não seria viável, não só porque a Sonangol, durante vários anos, não apresentou contas mas também porque, de acordo com a avaliação do FMI, quando essa empresa estatal começou a apresentá-las, apresentou um “saldo residual inexplicado no orçamento” (não registado nem nas contas dessa UEE, nem do OGE) no valor de 32 mil milhões de dólares. Segundo o executivo, o valor em falta destinou-se a gastos com obras de construção de infra-estruturas básicas e, durante a gestão de Isabel dos Santos, os relatórios de contas mereceram reservas de consultoras internacionais de renome.

Por outro lado, as acusações de Isabel dos Santos de que consultoras internacionais, entre elas a Mackensey, encontraram um enorme “buraco” nas contas da Sonangol, à semelhança da campanha desesperada “Luanda Leaks” encomendada e lançada contra aquela, também provocaram os seus efeitos colaterais à referida empresa.

Para além disso, as hipotéticas acções da Sonangol em bolsa teriam o seu valor já afectado pelo desinvestimento das petrolíferas estrangeiras no período de recessão económica de Angola e da Covid-19 (de 2016 à presente data).

O resultado desse facto levou a que um objectivo de produção de petróleo de 2 milhões de barris/dia, já atingidos e ligeiramente ultrapassados em Agosto de 2008, Angola exporte actualmente em média apenas cerca de metade (1,1 milhão de barris/dia).

A verdade é que as petrolíferas estrangeiras se habituaram a financiar o “seu” “investimento” (com crédito à exportação, ou com garantias bancárias da parte angolana), de onde saíam as comissões já comprovadas por tribunais de países estrangeiros, em vez de se introduzir investimento estrangeiro directo no País.

Só seria possível privatizar as acções da Sonangol, à semelhança do que se fez com o BCI por “tuta-e-meia”, se o executivo autorizasse o Ministério das Finanças, ou o BNA, a injectar dinheiro para o seu reinvestimento e depois fizesse um concurso limitado, ou um ajuste directo, como tem sido recorrente, “por motivo urgente e inadiável”. Todavia, neste período também seria inviável, porque esse dinheiro teria que sair mesmo da própria Sonangol. Ora, isso não poderia acontecer, porque a Sonangol está endividada.

Transcrevendo a VOA (Voz de América) de 20 de Janeiro de 2012, o porta-voz do  executivo, em resposta às questões levantadas pelo FMI, “disse que o facto de no passado os rendimentos da Sonangol não terem sido totalmente integrados nas contas do País deveria ser visto naquilo que chamou de “perspectiva histórica””.

Até quando se pretende tapar o sol com a peneira?

Partilhar nas Redes Sociais

WhatsApp
Facebook
Twitter
Email