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Exclusivo: 15 personalidades antecipam 2023

04-01-2023 6:23

Nelson Francisco Sul

Director

04-01-2023 6:23

Nelson Francisco Sul

Director

Antevisão. O ano que inicia vai continuar inevitavelmente ser marcado pela subida generalizada da inflação e pelo aumento do exército de desempregados e da tremenda pobreza no país. O ano é novo, mas não há perspectivas animadoras

Da política à banca, passando pelos pensadores da economia e a sociedade civil, O Telegrama perguntou a 15 personalidades o que esperam, desejam e quais as expectativas com o país no ano que agora começa.

Em 2023 perspectiva-se uma turbulência na banca, com a fusão ou encerramento de (mais) instituições bancárias, em consequência da directiva nº 17/2022 do Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola (BNA). Além disso, este será também o ano do início da retirada gradual dos subsídios estatais aos combustíveis, um tema profundamente fracturante do ponto de vista político e social. As previsões dizem que as eleições autárquicas é tema para esquecer. De incertezas à esperança, registar-se-á uma crescente fuga de jovens para o exterior, sobretudo por terem desacreditado na classe política do País. A China e os Estados Unidos vão intensificar as suas disputas e posições na balança comercial angolana. Enquanto isto, a guerra na Ucrânia poderá provocar a primeira retaliação de Moscovo contra Luanda.

Na antevisão do ano que agora inicia, recolhemos os depoimentos dos diplomatas Gong Tao e Tulinabo Mushingi, embaixadores da China e dos EUA em Angola, da ministra das Finanças, da secretária de Estado dos Direitos Humanos e Cidadania, dos economistas da “católica” Carlos Rosado de Carvalho e Wilson Chimuco, da antiga vice-ministra da Educação para a Acção Social, Alexandra Simeão, dos líderes sindicais dos professores e dos jornalistas, do bastonário da Ordem dos Advogados, do humorista Tiago Costa, e do especialista em desenvolvimento local, Belarmino Jelembi, responsável máximo do Fundo de Apoio Social (FAS). Contamos ainda com depoimentos do presidente da comissão executiva da BODIVA (Bolsa de Dívida e Valores de Angola), Walter Pacheco, do deputado Olívio Kilumbo, e da vice-presidente do partido governante, Luísa Francisco Damião. Lamentamos a fraca participação do gênero feminino que nos parece “alérgica” a discussão pública de temas relativos à sociedade. Boa leitura!

Alexandra Simeão – Antiga vice-ministra da Educação para a Acção Social

O ano que termina não foi pródigo em novidade. O que eu espero é a continuidade de uma governação sem mérito no que às políticas sociais diga respeito. Os angolanos estão mais pobres e vivem menos tempo do que há 4 anos, como prova o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 2021/2022 e o Programa de Combate à Pobreza teve o mérito de multiplicar os pobres.

O primeiro mandato foi uma tragédia política em imensos aspectos. A luta contra a corrupção foi hilariante. Os trabalhadores públicos mostraram vários cartões vermelhos ao governo com greves persistentes e o governo não mostrou inteligência em lidar com os dossiers da reivindicação.  A liderança mostrou que não existe um plano coerente de governação basta olhar para a despesa pública que priorizou imensas vezes o acessório.

O que eu desejo é que a “Geração da Paz”, que representa 80% da população e tem menos de 35 anos, se fortaleça e reivindique com firmeza os seus Direitos à Educação e Saúde de qualidade, à água potável e ao fim da fome. Que as autarquias prometidas em 2017 aconteçam. E que quem pensa diferente não seja preso, perseguido ou morto.

Ana Cardoso Januário – Secretária de Estado dos Direitos Humanos e Cidadania do MINJUSDH

Que possamos dar passos adicionais na consolidação do Estado Democrático e de Direito através da implementação dos objectivos da Estratégia Nacional dos Direitos Humanos de Angola. Aumentar os conhecimentos em matéria de Direitos Humanos a todos os níveis e com isso reduzir as possíveis violações. Em termos institucionais pretendemos ter um sistema de denúncia e resposta às alegações.

Ter indicadores de avaliação de alguns direitos, através do desenvolvimento de uma linha de base que sirva de referência para todos os cidadãos, instituições públicas e académicos. De uma forma resumida, reforçar os mecanismos de promoção e protecção dos direitos humanos em Angola.

Belarmino Jelembi – Director do FAS – Instituto de Desenvolvimento Local

Depois de um 2022 com uma disputa eleitoral acirrada, Covid-19 e guerra na Ucrânia, o ano de 2023 inicia com notícias sobre o crescimento económico, reveladas pelo Governo e por organismos internacionais. Enquanto optimista e realista, o principal desejo é de que a economia gere empregos para juventude. Creio que este tema, aliado à protecção social de base, é o principal desafio do nosso tempo. Contudo, tenho consciência de que os constrangimentos com a importação de factores de produção e tecnologia, bem como o ainda acentuado nível de degradação de estradas secundárias e terciárias estratégicas, nos levam a ser contidos nas expectativas.

Por outro lado, o compromisso vincado com os mais pobres, bem como o aprimoramento da concertação política e social, que vem sendo referido de forma pública pelas autoridades, parece-me vital para a coesão social. Isto, sobretudo, num ano, de 2023, em que poderá concretizar-se a retirada gradual dos subsídios aos combustíveis (medida muito sensível), além da continuação de outras reformas estruturais.

Carlos Rosado de Carvalho – Economista e Jornalista

O meu desejo para 2023 é que a comunicação social cumpra o seu papel de informar com rigor e isenção. O meu desejo dirige-se em especial à comunicação social pública, a única que chega a todo o País que é paga com o dinheiro dos contribuintes mas que se comporta cada vez mais como uma agência de propaganda e relações públicas do Governo. Uma comunicação social crítica ajudaria o governo não só a corrigir o que está mal e a melhorar o que está bem como também a trabalhar mais e a comunicar melhor.

Contudo, não espero que o meu desejo de uma comunicação social rigorosa e isenta se concretize. Pelo contrário. Prevejo que o garrote sobre os jornalistas se aperte. Todos os indícios recentes apontam nesse sentido. Ao contrário de eleições anteriores nem sequer tivemos a habitual abertura pós-eleitoral.

Gong Tao – Embaixador da China em Angola

Em 2023, celebramos o 40º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas China-Angola e o 13º aniversário do estabelecimento da parceria estratégica entre os dois países. Na retrospectiva do passado, as relações China-Angola resistiram a chuva e vento, quer seja das vicissitudes da conjuntura internacional, das mudanças nas respectivas situações domésticas, tornando-se mais estáveis e maduras. Os intercâmbios bilaterais a alto nível tornaram-se cada vez mais frequentes e a confiança política mútua foi continuamente consolidada. Da assinatura do comunicado sobre o estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países em 1983, ao estabelecimento da parceria estratégica em 2010; da Cimeira de Beijing do Fórum de Cooperação China-África, à adesão de Angola como primeiro país amigo a assinar o “Cinturão e Rota”, a cooperação China-Angola sempre foi sincera e mutuamente benéfica. Angola é um parceiro estratégico e importador importante de petróleo para China, e um importante parceiro económico e comercial do continente africano, um destino de investimento e mercado de contratação de projectos.

Em 2022, Angola foi o segundo maior parceiro comercial da China em África, enquanto a China tem sido o Número Um parceiro comercial de Angola, um enorme empreiteiro de grandes projectos e a fonte de investimento e financiamento. Durante a última década, a parte chinesa construiu em Angola mais de 3,000 km de caminho de ferro, 20,000 km de estrada, 100,000 fogos de habitação social, 100 escolas, 50 hospitais, e muito mais. As obras concluídas ou ainda em exercício incluem caminho de ferro de Luanda, de Benguela, de Moçâmedes; Barragem de Soyo; Novo Aeroporto Internacional de Luanda, Aeroportos de Cabinda, de Quito, de Luao, de M’Banza Congo; Portos de Cabinda, de Caio, de Lobito; a Nova Cidade de Dundo, e de Kilamba Kiaxi, o fornecimento de água para Saurimo, etc. O governo chinês forneceu a doação para construir o Centro Integrado de Formação Tecnológica, o Instituto Superior de Relações Internacionais e o Centro de Formação Profissional em Angola. Milhares de jovens angolanos receberam ensino e estágio na China e voltaram para a sua pátria contribuindo com os seus talentos. Muitas empresas chinesas construíram grandes fazendas em Angola e investiram em manufatura, envolvendo telemóvel, viaturas, materiais de construção, aço, produtos químicos, móveis, instrumentos, baterias, materiais de embalagem, etc.

A China acarinha a amizade tradicional China-África e China-Angola. Independentemente da evolução da cena internacional, nunca se muda a determinação da China de fortalacer a solidariedade e a cooperação China-África e China-Angola. A China está disposta a aproveitar a ocasião do 40º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas China-Angola para reforçar a articulação estratégica entre os dois países e promover a parceria estratégica China-Angola para um nível superior.

Guilherme Silva – Presidente do Sindicato dos Professores 

Carlos Aguiar | Economia e Mercado

Enquanto cidadão, a minha expectativa é que em 2023 o Executivo do Presidente João Lourenço consiga, finalmente, abrir caminho para a realização da vida dos angolanos, coisa que não conseguiu fazer nos últimos cinco anos do seu primeiro mandato. Em rigor, o primeiro mandato do Presidente João Lourenço foi marcado apenas por discursos de esperanças que, na prática, não mudaram a condição difícil dos angolanos. Por ser o primeiro ano do seu último mandato, gostaríamos de ver um Executivo mais ambicioso, que operasse reformas que se repercutissem de forma directa e visível na vida de todos os angolanos, sobretudo os mais encarecidos. Mas precisa mudar a equipa económica, que, na minha opinião, não tem auxiliado bem o Titular do Poder Executivo.

Em relação à classe que representamos, os professores, embora não tenhamos muitas expectativas, pelo facto de a proposta do OGE para o presente ano económico representar a mesmice, com um orçamento para a Educação abaixo dos dois dígitos, um incremento de apenas 1,65% em relação ao orçamento anterior de 6,6%, gostaríamos que as demandas da Educação constassem na pauta de prioridades do Executivo. Se o país quiser trilhar, num futuro muito próximo, os caminhos do desenvolvimento, deve investir na indústria do conhecimento. Aliás, uma Educação sem recursos e a continuar como o “parente pobre” dificilmente conseguirá arregimentar boas escolas, bons currículos e bons profissionais que se dediquem a tempo inteiro à Educação. Numa só frase, continuaremos a ter uma Educação do faz-de-conta, que estará muito longe de ser “a arma mais poderosa para mudar o mundo”, como disse — e bem — Nelson Mandela.

Luis Monteiro – Bastonário da OAA

São muitos os meus desejos, mas para o ano de 2023, e apesar de toda a incerteza provocada pelo quadro internacional marcado pela guerra na Ucrânia, espero que o Executivo saiba afinar a estratégia para captar o investimento estrangeiro, proteger os investimentos privados para gerar empregos, travar a sangria de recursos humanos, sobretudo, jovens para o estrangeiro e criar condições para que a justiça garanta ao país um visível combate à corrupção.

Tenho a esperança de que não se repitam os casos das estradas que foram publicitadas como reparadas e na verdade não foram intervencionadas (Cusse-Cuima EN120). É preciso edificar um país melhor, com menos casos de falta de ética, de probidade, de respeito pelo bem público e de ausência de valores morais.

A comunidade jurídica angolana precisa de resgatar a credibilidade da justiça e com esse propósito espero que seja realizado com a maior brevidade possível um congresso da justiça no qual intervenham os titulares dos órgãos do poder judicial, associações e sindicatos forenses, académicos e especialistas das diversas áreas do saber.

Tenho também a expectativa de que os contornos (fraude) aos estatutos das magistraturas, nomeadamente nas matérias de jubilação e processo eleitoral, sejam passíveis de um tratamento disciplinar e legal, extensivo a todos aqueles que promove(ra)m a ocupação irregular de imóveis do Estado recentemente recuperados.

Em 2023 espero que todos nós, os contribuintes, sejamos mais exigentes na defesa dos nossos direitos individuais, colectivos e sociais.

Luísa Damião – Vice-presidente do MPLA

Este ano, o meu desejo é que não surjam inesperados fenômenos que possam criar constrangimentos à estabilidade política, econômica e social dos países e que Angola continue a trilhar o caminho da unidade e coesão e a dar passos sólidos e seguros do ponto de vista político, social e econômico para corresponder aos anseios e aspirações dos cidadãos angolanos.

É também nosso desejo que assegurada a estabilidade macroeconômica, o país retome o crescimento tão almejado, continue a apostar na diversificação da economia, num sector empresarial público e privado robusto, imprescindível para o fomento do emprego e renda para as famílias.

Auguramos que sob a liderança de sua Excelência João Lourenço, Presidente da República, o Executivo corporize  no PDN 2023-2027 as promessas sufragadas nas eleições gerais de 24 de Agosto de 2022, com uma ampla participação da sociedade civil, dos angolanos no seu todo para a sua eficaz e eficiente materialização. Que se continue a investir nos sectores da educação e da saúde para dar resposta às expectativas dos cidadãos e aos constrangimentos já identificados.

No plano legislativo auguramos uma discussão profícua do OGE e um debate com muita qualidade e à altura do voto de confiança que os angolanos e angolanas depositaram nos deputados eleitos para a presente legislatura.

Sérgio Calundungu – coordenador do Observatório Político e Social de Angola

Mais do que ser pessimista ou optimista, eu penso que continuaremos em 2023 a viver tempos incertos. Não sei se serão maus ou bons, mas seguramente serão incertos para milhares de compatriotas nossos.

A pandemia de Covid-19, ao que parece até agora, continua a produzir novas variantes. A guerra na Ucrânia, cujos impactos podem chegar até nós, causando uma crise de custo com os preços dos alimentos. As oscilações nos preços do barril de petróleo, nosso principal produto de exportação. As alterações climáticas, que embora nem sempre se leva em conta, hoje já são uma ameaça diária na vida dos nossos compatriotas que enfrentam os efeitos da seca, estiagem, irregularidade das chuvas… etc.

Do ponto de vista social e político, é uma tentação pensar que alguns problemas do ano passado, tais como as greves, conflitos de cariz político e partidário e tensões sociais não foram mais do que uma situação pontual, esperando naturalmente que depois das eleições tudo volte ao normal. Contudo, ignorar as tensões sociais latentes e patentes que se intensificaram no ano passado, em parte devido às eleições, ou alimentar o discurso demagogo que impede muitos de nós de tomar consciência que o país está a mudar profundamente. Não é possível voltar atrás.

Os níveis de incerteza vão aumentar em 2023 e podem marcar a vida de muitas pessoas de formas sem precedentes. Isto não quer dizer que por serem incertas todas as perspectivas são sombrias, também há aspectos positivos a serem valorizados, tais como: uma tendência de retomada do crescimento económico fruto do aumento dos preços do barril de petróleo no mercado internacional; aprendemos a lidar melhor com os desafios impostos pela COVID-19; durante a crise, ficou provado que podemos, quando não temos alternativas, viver sem recurso a exportações absurdas e a tentar incentivar e valorizar a produção nacional. Tudo isto também poderá ter algum efeito positivo.

Olívio Esperança Kilumbo – Deputado pela UNITA

“O inimigo mortal do homem é a miséria. Mais miserável do que os miseráveis é a sociedade que não acaba com a miséria”. A frase é de Ulysses Guimarães, antigo presidente da Câmara dos Deputados do Brasil.

A miséria é a maior humilhação do nosso povo nos tempos modernos. É muito difícil desejar um bom ano social e económico, um ano saudável, num país onde a justiça social e distributiva é inexistentes. A verdade é que estamos a braços com uma grave crise social – as greves falam por si. A classe trabalhista está a reagir negativamente às políticas deste Executivo ilegítimo e, portanto, espero que o mesmo seja inteligente o suficiente para contornar esta situação, o que tenho muitas dúvidas.

Espero que o OGE vire o ângulo para o social, sobretudo para estas áreas que mais reclamam (Saúde e Educação), mas sabendo que a governação do regime é para manutenção do poder e não para criação do bem comum, então não acredito em mudanças. OGE, adiamento das autarquias versus NDP (Nova Divisão Político Administrativa), sem esquecer a vontade de líderes como João Lourenço em permanecer mais tempo no poder, para além do estabelecido constitucionalmente, são as minhas grandes preocupações.

Teixeira Cândido – Secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos

A nossa expectativa, enquanto jornalistas e sindicalistas, é de termos um quadro melhor para o exercício da liberdade de imprensa. Aliás, gostaríamos que o jornalismo não fosse notícia tal como aconteceu em 2022, e pelas piores razões.

Gostaríamos que o ano de 2023 nos oferecesse um quadro melhor para o sector privado dos media, que se debate com mil uma dificuldade, resultado da falta de publicidade. A publicidade já era escassa, com a emergência das redes sociais o quadro piorou. Segundo o último relatório da UNESCO, houve uma deslocalização da publicidade dos media tradicionais para as redes sociais, com a Google e a Meta a abocanharem quase tudo, restando alguma para televisão, rádio e em último lugar para a imprensa escrita. A nossa realidade já era agreste, com esse fenómeno agora é duas vezes mais difícil.

Tiago Costa – Humorista

Para 2023, desejo responsabilidade. Responsabilidade do Governo, para com o Estado. Responsabilidade do Governo, para com os governados. Desejo mais responsabilização sobre as instituições que nos servem e mais decência dos agentes públicos que nos servem.

Desejo “ver” a transparência prometida e desejo que mais angolanos, muitos mais angolanos, tenham condições para ir atrás dos seus sonhos e das suas ambições. Que a ganância fique em 2022 e que seja substituída pelo desejo comum de florescer enquanto comunidade, cidade, país e nação.

Tulinabo S. Mushingi – Embaixador dos EUA

2023 é um ano especial para os Estados Unidos e Angola, pois marca 30 anos desde o estabelecimento das relações diplomáticas entre os nossos dois países. A parceria entre os Estados Unidos e Angola nunca foi tão forte e, ao longo deste ano, espero aumentar ainda mais esse relacionamento — com intercâmbios de povo para povo, com o governo angolano, com a sociedade civil e com o sector privado.

O ano passado encerrou com a visita do Presidente João Lourenço a Washington, DC para a sua participação na Cimeira de Líderes EUA-África. A Cimeira promoveu a colaboração entre os EUA e a África em prioridades globais e regionais mais prementes dos nossos dias e que se baseou nos nossos valores comuns: promover a prosperidade económica partilhada; promover a paz e a segurança; e apoiar a democracia, os direitos humanos e a boa governação práticos.

Durante este ano, trabalharei para aprofundar e ampliar o envolvimento dos EUA com Angola em todas essas questões. Os Estados Unidos estão empenhados em apoiar o papel de Angola como promotor regional da estabilidade e da paz e elogiam a sua liderança activa nos Grandes Lagos e na África Central. Continuaremos a trabalhar com o governo angolano na luta contra a corrupção e para continuar a melhorar o ambiente de negócios. Encontraremos novas formas de conectar os Angolanos e Americanos através de intercâmbios culturais e académicos e continuaremos a apoiar o processo democrático em Angola. Nada disto é possível, porém, sem uma população saudável, razão pela qual vamos dedicar uma ajuda significativa para reforçar os esforços de Angola no sector da saúde. Angola é um parceiro valioso dos Estados Unidos e, ao entrarmos nesta quarta década de relações oficiais, espero aumentar ainda mais a nossa parceria.

Vera Daves de Sousa – Ministra das Finanças

O Ano de 2023 inicia-se sob o signo de grandes incertezas a nível planetário, dados os impactos da guerra que se prolonga no Leste da Europa e o arrefecimento global da economia, em grande medida, também, em consequência daquele conflito. Perguntam-me, perante isto, o que espero e desejo para este ano.

O que desejo, naturalmente, é que todas as nações encontrem a harmonia necessária para que haja cada vez menos pessoas afectadas pelos flagelos da fome e da guerra, mais cooperação para reduzir as desigualdades e garantir a preservação do planeta, em condições que não prejudiquem os países em desenvolvimento.

O que espero – e acredito – é que Angola irá manter-se no rumo, que já estamos a trilhar, da estabilidade macroeconómica e do crescimento económico, com estabilidade de preços, investimento público e privado gerador de mais e melhor educação, saúde e infraestruturas, em geral, e criador de emprego e rendimento para as famílias e para as empresas.

Walter Pacheco – PCE da Bolsa de Dívida e Valores de Angola

2023: ano das incertezas e oportunidades. O conflito na Ucrânia, o aumento do custo, a probabilidade de uma recessão mundial, a pandemia da Covid-19 na China, bem como as rivalidades entre as grandes potências, são factores de risco que poderão criar uma conjuntura desfavorável para o nosso país. Poderemos assistir ao aumento do custo de vida, redução de capital disponível para investimento privado e principalmente em infra-estruturas públicas, uma maior pressão internacional para o alinhamento estratégico ou mesmo uma queda imprevista no preço da nossa principal fonte de divisas.

Contudo, é também um ano de oportunidades. Podemos estar atentos às oportunidades que a recessão na Europa trará, quer ao nível da importação de capital, mas também de know-how. Podemos aproveitar essa oportunidade para acelerar o processo de diversificação das exportações, aprofundar a relação económica com a China e simultaneamente fomentar uma relação financeira mais diversificada com os EUA, fundamentalmente por via do mercado de capitais. Parece-me ser um ano que podemos tornar Angola mais relevante: Um ano de oportunidades!

Wilson Chimuco – Economista

Acima de tudo desejo que haja mais vontade política para resolver os problemas do acesso à água, acesso ao primeiro emprego, à educação e à saúde pública. E penso que esta vontade pode ser impulsionada com uma maior participação dos cidadãos na vida política, e não, propriamente, dos partidos da situação e na oposição. Sou optimista, mas devo confessar que não espero grande coisa dos nossos políticos. Mas ainda para os próximos cinco anos. As primeiras notas que temos do PDN 2023-2027 têm como prioridades o Desenvolvimento do Capital Humano, a expansão das infra-estruturas e a diversificação da economia. Estes elementos já eram as prioridades do PDN 2018-2022, e são as mesmas promessas desde 1975. Logo, não acredito que vá ser diferente nos próximos anos e em 2023, em particular.

A minha maior preocupação gira em torno do Faz-de-Conta, que é a política angolana. E infelizmente essa realidade parece que vai vincar ainda mais em 2023. No sentido em que andamos todos a brincar de alguma coisa. Uns fazem de conta de serem deputados, outros de governantes e uns tantos de homens das leis, jornalistas, analistas e por aí além. Mas, no final do dia, estamos todos preocupados em andar no último Lexus, abrir uma conta no exterior do País e enviar os nossos familiares para morar lá fora, independentemente da forma como tais benefícios são alcançados. Isso me preocupa! Porque quer dizer que não pensamos País. Quer dizer que pensamos, exclusivamente, nos interesses particulares ou grupais. E não há um nós. Não há um bem comum. Não há País. Há, sim, uma manta de retalho em que cada um quer tirar o máximo proveito sem se importar com o Todo. E se assim continuar, não há futuro para Angola. E não acredito que 2023 venha ser o ano que traga mudanças, significativas, na forma de pensar e estar de quem decide em Angola.

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