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RDC. Familiares pedem intervenção de Angola para libertação de general acusado de conluio com Kigali

14-02-2023 10:23

Borralho Ndomba

Jornalista

14-02-2023 10:23

Borralho Ndomba

Jornalista

Familiares do tenente-general das Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC), Philémon Yav, detido, desde setembro de 2022, por alegada traição e colaboração com as autoridades ruandesas, temem pela vida do oficial superior e apelam ao Governo de Angola que salve o "comando tigre", formado pelas Forças Armadas Angolanas (FAA), que esteve a travar a entrada do M23 no leste da RDC

Philemon Yav é também suspeito da morte do oficial general Ghislain Tshinkobo Mulamba,  ocorrida a 16 de Agosto de 2022, em Goma.

De acordo com os resultados da autópsia realizada no seu corpo, ele foi envenenado, reportou a RFI. A família alega que a prisão está relacionada com intrigas palacianas.

A detenção do “tigre katanguês”, tido como uma figura chave no sistema militar do Governo de Félix Tshisekedi, é arbitrária, dizem os parentes radicados em Angola.

“Preocupa-nos a sua integridade física. Queremos que se faça justiça e que seja um processo normal, porque a acusação e a sua prisão arbitrária para nós é um atentado à integridade física e aos direitos humanos”, disse um parente a’O Telegrama, que pede que se  proteja a sua identidade.

A família e alguns dos seus amigos no exército descartam as acusações de que mantinha contacto com o regime de Paul Kagame, acusado de financiar o grupo terrorista M23.

“O comando da zona militar, que ele comandava, está a perder espaço no terreno contra o inimigo M23. Se é suposto traidor, como é que o M23 está ocupar o espaço que estava sob comando da FARDC, antes da prisão do general?  Isso é uma intriga nas forças armadas da RDC”, sublinha a mesma fonte familiar, que roga, por isso, pela intervenção de Angola.

“Como é que prendem um general desta dimensão que se dedica para acabar com a guerra no leste da República Democrática Congo. Estamos preocupados, por isso imploramos a intervenção do Governo de Angola, porque entendemos que o governo de Tshisekedi está a esquecer o nosso homem”, acentua.

“O general tigre”

Yav comandou operações em vários campos de batalha, com destaque para Katanga Norte, Kivu Sul, na floresta de Kahuzi-Biega que segue a FDLR, antes de ser visto pela última vez em Rutshuru, Kivu Norte.

Segundo o jornal The Africa Report, antes de ter sido um homem de ponta no sistema militar de Félix Tshisekedi, Yav era, sobretudo, próximo de Laurent-Désiré Kabila(pai)  e, depois, do filho deste, Joseph Kabila, que conheceu na década de 1990.

O chamado “tigre katanguês” foi um dos homens mais poderosos na hierarquia das forças armadas congolesas, tornando-se comandante da segunda zona de defesa, antes de ser designado para a terceira zona de defesa, que compreende cinco províncias do leste do país.

No período 1999-2000, comandou a brigada requin, a primeira formada por Angola em kitona (Col pitra).  Com essa brigada, o “tigre katanguês” comandou operações militares, tendo se envolvido em batalhas desencadeadas  em quase todas as províncias da RDC, principalmente em Goma.

É filho do general Mbumba Nathanael, que liderou a guerra dos 80 dias contra o regime de Mobutu e morreu como general angolano em 2016.

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