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Estado da Nação. João Lourenço pisca os olhos à educação em meio à gravosa situação social

24-10-2022 3:25

Norberto Costa

Jornalista

24-10-2022 3:25

Norberto Costa

Jornalista

Como era expectável, o Presidente da República pôs o acento tónico do seu discurso sobre o Estado da Nação, no passado dia 15, perante os deputados à Assembleia Nacional, no setor social e económico, face à profunda e extensa crise que abala o país, com sérias incidências na qualidade de vida dos cidadãos, destacando a saúde, a educação e consequentemente o mercado de trabalho

Em relação a saúde que parece ser o setor social mais prioritário de todos, o PR sublinhou que está reservado um conjunto de ações tendentes para o fortalecimento do Sistema Nacional de Saúde, destacando a sua extensão em todo país, com particular realce para o serviço de hemodiálise, prevendo, pelo menos, uma unidade para cada província. Mas se os doentes com insuficiências renais agonizavam até bem pouco tempo até à morte dentro do país, vencido o tempo em que eram sistematicamente e mesmo quase que exclusivamente encaminhados para o estrangeiro, o que é facto é que outras doenças continuam a matar cada vez mais angolanos, como o paludismo, a tuberculose e o SIDA.

Nestes termos, importa canalizar cada vez mais recursos que eram dispensados à Junta Médica no exterior, por via disso, ao deficiente sistema nacional de saúde, a ser reforçado com esses e outros tantos mais recursos à semelhança doutros países africanos, cujo grosso da dotação orçamental é dedicado à Saúde e à Educação, ao contrário do nosso caso em que a aposta principal é no aparelho coercitivo, designadamente a Defesa, a Segurança e Ordem Pública.

No que se refere ao setor da Educação, o Presidente Lourenço voltou a recordar que “o maior investimento que uma Nação pode fazer é na educação do seu povo”, piscando o olho particularmente para Juventude, a franja maioritária da população do país e a economicamente mais ativa, objetivando uma educação de qualidade que tarda a chegar, salientando-se as debilidades visíveis do nosso sistema de ensino, do nível de base ao topo da pirâmide – o ensino superior.

Assim, sustenta que “queremos que os nossos professores sejam valorizados e possam ensinar as nossas crianças com mais qualidade e com melhores condições nas nossas escolas públicas”. A realidade escolar revela muitas escolas sem carteiras, nem quartos de banho decentes, o que atenta contra a saúde pública dos usuários, tanto alunos, como funcionários de apoio à atividade pedagógica, docentes e até visitantes.

O Chefe de Estado advoga que o sector da educação concorra “para a formação da força de trabalho de hoje e de amanhã, para serem agentes talentosos, inovadores e produtivos, no mercado do trabalho e na sociedade”. Para tanto será necessário investir cada vez mais na educação, depois da saúde, bem como na habitação, na agricultura, na indústria pesada, ligeira e transformadora, para que produtos ao invés de apodrecerem no campo possam ser transformados. Para tal, será necessário que a teoria da diversificação da economia tenha valor concreto, criando mais oportunidade tanto de formação profissional, como de emprego aos mais jovens, para o relançamento da economia, a criação de mais postos de trabalho, bem como o financiamento aos empreendedores, que, sob sua conta e risco, se abalançam no mundo dos negócios e que encontram sérios constrangimentos para vingarem no mundo empresarial, sejam em empreendimentos de pequeno ou médio porte.

Um outro vetor apontado pelos analistas como uma das razões de Angola andar para atrás, e que tem sido omitido e negligenciado na narrativa oficial, tem que ver com a construção, reconstrução e reabilitação das estradas descartáveis, sejam primárias, secundárias e terciárias, o que viabilizaria o transporte de pessoal e das mercadorias, dando livre curso para o desenvolvimento do país.

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