Qin Gang, ministro dos Negócios Estrangeiros da China, até há pouco tempo embaixador nos Estados Unidos, vem a Angola reafirmar o poder chinês na sua economia e na reconstrução do País. Desde 2004 que Angola continua a ser uma prioridade no continente africano para o gigante asiático.
Dados do Instituto Real dos Assuntos Internacionais do Reino Unido — Chatham House — indicam que Angola é o país africano que mais recebeu empréstimos da China nos últimos 20 anos. E, apesar dos vários questionamentos sobre onde os dinheiros das dívidas foram aplicados, a que se juntam as informações de que o “negócio da China” serviu para enriquecer a “elite corrupta”, o regime de Xi Jinping parece não abrandar na sua relação comercial com Luanda.
Nesta sexta-feira, importantes acordos comerciais serão rubricados entre os dois países. Contactado pel’O Telegrama, fonte oficial da Embaixada da China não revela o montante que Qin Gang trará na bagagem. Mas a vinda do número 3 do governo de Pequim é um sinal de que a segunda maior economia mundial, atrás dos Estados Unidos, não pretende deixar os seus parceiros africanos, sobretudo Angola, em mãos alheias.
“A China está disposta a aproveitar a ocasião do 40º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas China-Angola para reforçar a articulação estratégica entre os dois países e promover a parceria estratégica China-Angola para um nível superior”, disse o embaixador chinês em Angola, Gong Tao, num exclusivo a’O Telegrama, quando solicitado a antecipar as relações sino-angolana para o ano de 2023.
No mais recente relatório do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (UCAN), intitulado “Estudo sobre a posição da China no mundo e em particular na África Subsariana”, Tao recorda que “a cooperação China-Angola é hoje quase omnipresente”, uma vez que o seu país “absorve 2/3 da exportação de Angola e é a maior fonte do seu superavit comercial, ou seja, o maior fornecedor de divisas”.
A China, segundo o relatório do CEIC, assinado pelos investigadores Alves da Rocha, Francisco Paulo, Regina Santos e Teurio Marcelo, deverá assumir a posição de primeira economia mundial nos próximos oito ou dez anos. “Entre 2013 e 2018, o volume de comércio entre a China e os outros países que já aderiram à Belt And Road Iniciative (Uma Faixa, Uma Rota) ultrapassou os 6 biliões de dólares norte-americanos, e o investimento chinês nesta iniciativa excede os USD 90 mil milhões”, escrevem os investigadores.