Especial

Adalberto Costa Júnior. Presidente da UNITA

24-10-2022 12:46

Nelson Francisco Sul

Director

24-10-2022 12:46

Nelson Francisco Sul

Director

Com a despedida de Isaías Samakuva no décimo terceiro Congresso, Adalberto Costa Júnior trouxe uma dor de cabeça à cúpula dirigente da Avenida Ho Chi Minh

Uma alteração no tabuleiro político do partido do “Galo Negro”, ocorrido em Novembro de 2019, fez soar os alarmes na cúpula ideológica do partido do governo, o MPLA, de que os próximos tempos seriam difíceis e vislumbrava-se, antes mesmo da eleição de Costa Júnior, que se teria um adversário difícil de roer.

Com a eleição deste antigo representante da UNITA no Vaticano, nos últimos três anos, o maior partido na oposição não apenas cresceu bastante, mas, também, se transformou numa verdadeira instituição com vocação de poder. Em 30 anos de instauração multipartidária, nunca o MPLA sentiu tão ameaçado os alicerces com que construiu a sua longevidade.

O líder opositor enfrentou o seu principal rival político em quase todas as frentes, se tivermos em análise a forma como o partido no poder interferiu na vida interna do partido fundado por Jonas Savimbi. A prova desta narrativa está contida num documento interno do comité central do MPLA, em que admitia, antes e durante a fase eleitoral, “um cenário de agitação social” que poderia colocar em risco o seu poder.

Com uma UNITA cada vez mais intransigente e convincente junto do eleitorado, pelo menos até a divulgação dos resultados finais, o documento tornado público pelo semanário Novo Jornal, a 2 de Outubro de 2020, dava conta de que o plano do ‘partido dos camaradas’ recomendava que Costa Júnior fosse «vigiado e combatido até à exaustão».

Depois de o Novo Jornal ter contado, em primeira mão, esta estratégia do partido do governo contra Adalberto Costa Júnior, a UNITA viu o Tribunal Constitucional anular o seu congresso, realizado em 2019. Antes da anulação do congresso do partido do “Galo Negro”, o bureau político do MPLA emitira um comunicado a alertar que a presidência do sucessor de Samakuva estava por um fio.

Depois de um vaivém político e judicial, ACJ regressou à presidência do partido e, na medida em que ia sendo duramente combatido, despertava interesse e simpatia interna e externa. Embora não tenha reconhecido os resultados eleitorais que deram vitória ao MPLA e a João Lourenço, a UNITA de Adalberto Costa Júnior conseguiu resultados históricos no último pleito, protagonizando um dos maiores feitos dos últimos 30 anos.

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