Especial

Isaías Samakuva. Ex-presidente da UNITA

24-10-2022 11:27

Nelson Francisco Sul

Director

24-10-2022 11:27

Nelson Francisco Sul

Director

No tempo da guerrilha, Samakuva foi o chefe da logística, oficial de ligação com o regime sul-africano do Apartheid e chefe de gabinete de Savimbi

Com a morte em combate do líder- fundador, a 22 de Fevereiro de 2002, Isaías Henriques N’gola Samakuva torna-se no segundo líder da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA).

Conduziu os destinos do partido durante 16 anos, de 28 de Junho de 2003 a 15 de Novembro de 2019, embora se tenha visto obrigado, por força dos estatutos, a reassumir a presidência do partido, em 2021, por um período de dois meses, na sequência da anulação do 13. ° Congresso Ordinário, pelo Tribunal Constitucional.

Assumiu o partido no momento mais crucial da sua história, aquela considerada como “a crise mais profunda do partido, a da morte do fundador”, segundo reconheceu Lukamba Paulo “Gato”, no seu discurso de vencido e de reconhecimento da “clara vitória” de Samakuva, no 9.° Congresso.

Quando assumiu a presidência da UNITA, poucos acreditaram que, com o passamento físico do seu guia imortal, o partido do “Galo Negro” pudesse sobreviver à nova realidade política.

A “prova dos nove” deu-se com as primeiras eleições pós-conflito armado, realizadas nos dias 5 e 6 de setembro de 2008. A UNITA viu o número de deputados cair drasticamente de 70 para 16 na bancada parlamentar.

Foi neste momento, em respeito aos Acordos de Luena, que o brigadeiro reformado teve a árdua tarefa de recorrer à sua capacidade diplomática e de construção de pontes para preservação da paz: apaziguar os ânimos de milhares de inconformados, entre militantes e altos dirigentes do partido.

É a Samakuva a quem se deve à coesão e à manutenção da UNITA como principal partido na oposição. Teve um percurso exemplar, dos poucos casos raros no continente africano, sublinhe-se: De uma transição de movimento de guerrilha transformou-se em partido político democrático.

Teve um papel predominante na estabilidade política do país. Uma figura incontornável da nossa história recente, que marcou indelevelmente as duas últimas décadas. Uma missão que se revelou profundamente espinhosa, tal como o próprio tinha desabafado, em sede de uma Conferência Nacional sobre a Paz, Democracia e Direitos Humanos em Angola, organizada pela Associação Mãos Livres, o Fórum das Mulheres Jornalistas para Igualdade no Gênero (FMJIG) e a Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD).

“Temos sofrido provocações, humilhações e é a responsabilidade da manutenção da paz que nos faz calar e nos faz engolir esses sapos”, disse, em 2016, Samakuva.

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