Especial

Lima Massano. Governador do BNA

24-10-2022 12:52

Nelson Francisco Sul

Director

24-10-2022 12:52

Nelson Francisco Sul

Director

É a figura mais importante na actividade bancária nos últimos dez anos. As suas impressões digitais estão indelevelmente marcadas nos dossiers mais reformistas e controversos do sistema financeiro angolano

Quando, em Outubro de 2010, foi nomeado pela primeira vez governador do Banco Central, Massano contava com apenas 41 anos de idade (25.02.1969), 11 dos quais dedicados à banca. Em 2013, foi distinguido pela revista britânica The Banker (O Banqueiro), ligada ao poderoso jornal Financial Times, como melhor governador de um banco central em África.

Entretanto, em 2014, o seu curriculum ver-se-ia manchado devido à forma como geriu o processo que culminou com a falência do Banco Espírito Santo Angola (BESA), dando lugar ao Banco Econômico (BE).

Havia indícios de que o BNA, à época, estaria a agir sob orientação política, aliás, esta percepção ainda paira em muitos processos supervisionados pelo regulador do sistema financeiro.

Em Janeiro de 2015, Massano acabaria por sair do governo do Banco Nacional pela porta pequena, alegadamente “a seu pedido”, segundo preceituava o despacho de exoneração do então Presidente José Eduardo dos Santos.

Dois anos depois, em Outubro de 2017, à convite de João Lourenço, José de Lima Massano regressa à liderança do BNA, com a missão de colocar o sistema financeiro ao nível de padrões internacionais.

Regressou numa altura em que os recursos em moedas estrangeiras não paravam de cair, com um regime de taxa de câmbio fixa e as Reservas Internacionais Líquidas (reservas em moeda estrangeiras para garantir importações) a rondar os 15,6 mil milhões de dólares norte-americanos, menos 35% do que as margens do período em que largou o comando do BNA, no primeiro mês de 2015.

De 27 de Outubro de 2017 a 1 de Outubro de 2022, o governo de Massano encerrou cinco bancos comerciais (Banco Angolano de Negócios e Comércio, Banco Mais, Banco Postal, Banco Kwanza Invest e Banco Prestígio), por insuficiências de fundos regulamentares e incumprimento dos mínimos de capital social.

Ao TELEGRAMA, especialistas ligados à banca defendem que estas decisões há muito que deviam ser tomadas, uma vez que a recuperação da credibilidade do BNA a nível internacional depende do rigor no cumprimento das regras internacionais e da observância escrupulosa na transparência das operações bancárias interna e externa.

Nos momentos críticos da economia nacional, soube garantir a vitalidade da banca, indo, em alguns casos, para além do que as competências de governador do Banco Central lhe permitiam.

Salvou a face do Governo Lourenço. Várias companhias internacionais voltaram a voar para Luanda e os investidores já não têm dificuldades de repatriar os lucros ou dividendos para o exterior.

Impulsionado pelas diretrizes do Fundo Monetário Internacional (FMI), Lima Massano teve a coragem de desdolarizar a economia angolana, tirou a importância aos ‘kinguilas’ (a venda de moeda estrangeira no mercado informal) e criou o Comité de Política Monetária, uma instituição que desempenha um papel importante na definição da taxa de juros.

Conseguiu, ainda no primeiro mandato de João Lourenço, que fosse aprovado pelo Parlamento uma lei que garantisse a independência do banco bentral à influência do poder político (Governo) ou qualquer entidade pública ou privada.

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