Abraçámos a Liberdade, mantivemos a lei e ordem, protegemos os direitos dos pais, respeitámos os nossos contribuintes e rejeitámos a ideologia ‘woke’”, discursou o republicano Ron DeSantis quando da sua reeleição como governador da Flórida.
O seu mandato foi marcado pela decisão de reabrir a Flórida mais cedo, num contexto de pandemia. Em setembro de 2020, DeSantis retirou todas as restrições a restaurantes e outros negócios, além de banir a imposição de multas a pessoas que recusassem usar máscara. “Escolhemos factos em vez de medo, escolhemos educação em vez de doutrinação, escolhemos lei e ordem em vez de tumultos e desordem. A Florida foi um refúgio de sanidade quando o mundo enlouqueceu”, declarou.
Dias antes de os resultados das eleições serem anunciados, a atuação de DeSantis durante a pandemia e a influência que teve na sua campanha já era alvo de análise. À CBS News, o professor de ciência política Dario Moreno disse que o apoio de Ron DeSantis à reabertura da Flórida, onde o turismo é expressivo, deu força à sua campanha. “Este é um assunto profundamente emocional. Se perdeste o teu trabalho, a tua casa, se alguém próximo morreu, todas estas coisas entram em cena”, disse Moreno.
NO ENCALÇO DE TRUMP
O risco de competição é sentido pelo ex-Presidente Donald Trump, que já deixou avisos a DeSantis para não procurar um lugar na Casa Branca. Em entrevista à Fox News Digital, Trump afirmou que DeSantis se iria prejudicar com uma candidatura. “Eu diria coisas sobre ele que não serão lisonjeiras – sei mais sobre ele do que qualquer outra pessoa – à exceção, talvez, da sua mulher”, disse. Anteriormente já tinha apelidado o candidato a governador como “Ron DeSanctimonious”.
A tensão faz-se sentir desde outubro do ano passado, quando Trump afirmou que caso se enfrentassem o derrotava, escreveu a Yahoo Finance. No entanto, a sua previsão era de que DeSantis não entraria na corrida presidencial se Trump fosse candidato. “Acho que a maioria das pessoas desistiria, acho que ele desistiria”, comentou.
O apoio conquistado por DeSantis das midterms mostram que Trump pode estar enganado. O resultado foi – na palavras de Ron DeSantis – “histórico” e permitiu “reescrever o mapa político”. Obteve mais de 59% dos votos, contra 40% do apoio obtido pelo democrata Charlie Crist, de acordo com dados da Associated Press. Os seus apoiantes reagiram de forma entusiasta, ecoando a expressão “mais dois anos”, em forma de apoio à possibilidade da sua saída antecipada de governador para concorrer à presidência.
O apoio conquistado por DeSantis das midterms mostram que Trump pode estar enganado. O resultado foi – na palavras de Ron DeSantis – “histórico” e permitiu “reescrever o mapa político”. Obteve mais de 59% dos votos, contra 40% do apoio obtido pelo democrata Charlie Crist, de acordo com dados da Associated Press. Os seus apoiantes reagiram de forma entusiasta, ecoando a expressão “mais dois anos”, em forma de apoio à possibilidade da sua saída antecipada de governador para concorrer à presidência.
O politico de 44 anos, nasceu na Flórida, tendo estudado e jogado baseball em Yale e posteriormente direito em Harvard. Durante os seus estudos em Harvard foi nomeado para desempenhar funções jurídicas na Marinha dos EUA, tendo sido destacado para o Iraque como consultor dos Navy Seal. Foi eleito para o a Câmara dos Representantes em 2012. Seis anos depois foi eleito governador pela primeira vez.
Apesar de não constar na biografia da sua página eletrónica, o percurso profissional de DeSantis também passou por uma escola na Geórgia, onde foi professor de história. De acordo com o New York Times, chegou a dizer aos seus estudantes que talvez um dia chegasse a presidente.
“DeSantis envolve-se em táticas de Trump, mas há objetivos políticos em mente detrás delas”, disse o antigo porta-voz do comité republicano nacional Doug Heye, em declarações à BBC.
DA PROIBIÇÃO DO ENSINO SOBRE IDENTIDADE DE GÉNERO ÀS CRÍTICAS À IMIGRAÇÃO
As escolas públicas na Flórida foram proibidas de ensinar sobre orientação sexual ou identidade de género até ao terceiro ano ou de uma forma “não apropriada à idade ou apropriada ao desenvolvimento dos estudantes”. A proposta foi aprovada por Ron DeSantis em março passado, que disse em conferência de imprensa que ensinar crianças no pré-escolar que “podem ser o que quiserem” é “inapropriado”, escreveu a NPR. A legislação foi criticada por grupos de direitos humanos e LGBT, e alvo de ações judiciais. Em 2021, já tinha sido criticado por proibir raparigas e mulheres transsexuais de competirem em desportos femininos em instituições de ensino públicas.
Recuando a 2018, Ron DeSantis lançou um anúncio político com a família em que encoraja a sua filha a “construir o muro” e em que o slogan usado por Donald Trump “tornar a América grande outra vez” está estampado na roupa de outra das crianças.
A postura dura contra a imigração também foi visível recentemente. DeSantis enviou cerca de 50 migrantes de avião para a ilha de Martha’s Vineyard, em voos pagos pelo governo estatal. A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, considerou a transferência de migrantes uma manobra “cruel”. De acordo com o The Guardian, apesar de se terem levantado problemas legais, o governador pretendia repetir a manobra, com o envio de migrantes em voos para Delaware e Illinois até dia 1 de dezembro.
A postura do governador perante a imigração também transpareceu depois da passagem do furacão Ian pela Flórida. Ao falar numa das cidades afetadas pela catástrofe natural, o seu foco foram quatro pessoas detidas por suspeitas de pilhagem, das quais três eram imigrantes ilegais, escreveu o Financial Times. “Estas pessoas são estrangeiras. Estão ilegalmente no nosso país. E além disso tentam pilhar no seguimento de um desastre natural”, disse DeSantis, acrescentando que além de serem julgadas as pessoas “precisam de ser enviadas de volta para os seus países”.